06 Novembro 2015
O governo teme um acirramento da greve dos petroleiros nos próximos dias, atingindo mais setores da Petrobras. O movimento pode gerar risco de desabastecimento de combustíveis na próxima semana em algumas regiões do país, segundo avaliação da empresa repassada ao Palácio do Planalto.
Neste caso, a estatal vai colocar em prática uma estratégia de remanejamento de estoques e pode até aumentar a importação de produtos finais, como gasolina, diesel e querosene, para suprir a demanda interna.
A reportagem é de Dimmi Amora, Gustavo Uribe e Valdo Cruz, publicada no jornal Folha de S. Paulo, 06-11-2015.
Segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a greve começa a afetar a produção nas duas principais refinarias do país, em Duque de Caxias (RJ) e Paulínia (SP), mas ainda não há problemas de abastecimento.
O Sincopetro (sindicato dos varejistas de combustíveis de São Paulo), há estoque nas refinarias e combustível em trânsito garantindo o abastecimento. "Não sabemos qual o volume, mas vai segurar por algum tempo se houver parada nas refinarias", disse o presidente do sindicato, José Alberto Gouveia.
O Palácio do Planalto está preocupado com o tom político não só da greve dos petroleiros como da ameaça de paralisação de caminhoneiros marcada para segunda (09).
No caso da Petrobras, o governo se queixa que funcionários querem discutir a política de desinvestimento da empresa e não deram resposta sobre a proposta salarial.
No caso dos caminhoneiros, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avaliou nesta quinta-feira (5) que a greve tem sido estimulada por grupos independentes motivados por uma "viés político muito forte".
A mais recente manifestação dos caminhoneiros ocorreu em abril. Em fevereiro, os bloqueios em estradas e prejudicaram o abastecimento em vários pontos do país.
No final de outubro, o Comando Nacional do Transporte, grupo de caminhoneiros que se declara independente de sindicatos, divulgou nota em seus perfis nas redes sociais prometendo greve geral para o dia 9.
Segundo o comunicado, os principais movimentos que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff, como o Vem Pra Rua, o Revoltados Online e o MBL (Movimento Brasil Livre), apoiam a paralisação.
O grupo de caminhoneiros reivindica desde o início do ano a redução do preço do óleo diesel, a criação do frete mínimo, salário unificado em todo o país e a liberação de crédito com juros subsidiados no valor de R$ 50 mil para transportadores autônomos.
Os caminhoneiros querem também ajuda federal para refinanciamento de dívidas de compra de seus veículos, demanda que foi atendida pelo governo.
A avaliação do setor, no entanto, é que a paralisação está sendo convocada por grupos isolados. Vander Costa, diretor da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), que reúne sindicatos de patrões e empregados, disse que o movimento não tem apoio das principais entidades.
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Greves com pauta política preocupam o governo federal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU