Por: Jonas | 31 Agosto 2015
Uma comissão de familiares dos 43 estudantes normalistas desaparecidos, de Ayotznapa, conversará com o Papa, na Filadélfia, durante a visita que o pontífice realizará aos Estados Unidos, confirmou, hoje, Emiliano Navarrete, secretário geral da assembleia dos pais.
A reportagem é de Mathieu Tourliere, publicada por Proceso, 27-08-2015. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/Il1Miw |
De um recinto, instalado no Zócalo, na capital, ele disse que a assembleia aceitou o convite da Rede de Migrantes Unidos pelo México – que reúne outras organizações na coalizão ‘Ayotzinapa acude al Papa’ – para participar do Encontro Mundial da Família - Filadélfia 2015, que acontecerá nos próximos dias 26 e 27 de setembro.
Onze meses após o desaparecimento forçado dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa, os pais de família se deslocaram até a Cidade do México para exigir justiça pela tragédia ocorrida na noite do dia 26 de setembro de 2014.
Emiliano Navarrete, pai do jovem José Ángel Navarrete González, reiterou a solicitação dos pais ao governo mexicano para que estenda o mandato do Grupo Internacional de Especialistas Independentes (GIEI).
O GIEI, instância da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que revisa a investigação de Ayotzinapa, entregará seu relatório no próximo dia 6 de setembro, data em que se encerra o seu primeiro mandato de seis meses.
Na semana passada, os integrantes do GIEI solicitaram a extensão de seu mandato no México, em razão do caso Ayotzinapa ainda não estar resolvido. Tal prorrogação depende da decisão do governo mexicano e da CIDH.
Navarrete também denunciou a falta de palavra dos funcionários públicos responsáveis pelo caso.
“Em 11 meses, não encontramos uma pessoa que tenha palavra neste maldito governo”, queixou-se o pai, ao recordar que no domingo, dia 16, reuniram-se com o titular da Secretaria de Governo (Segob), Miguel Ángel Osorio Chong.
Na reunião, apontou, Osorio Chong se comprometeu a dar mais tempo ao GIEI no México, mas até a data não oficializou nada, e por isso os pais continuam duvidando da boa vontade do governo de Peña Nieto.
Nas semanas recentes, os especialistas do GIEI lamentaram que as autoridades mexicanas tenham deixado sem resposta – ou responderam de maneira parcial – 47% de suas solicitações de informação.
Também deploraram que as mesmas autoridades não deixaram os especialistas ter acesso aos depoimentos dos militares que atuavam nas noites de 26 e 27 de setembro.
No local de encontro, a mãe de Jorge Álvarez Nava recordou que “não merecemos a dor que sofremos” e insistiu: “Estou certa de que está vivo... esta raiva que tenho ninguém irá me tirar”.
Um defensor de direitos humanos de Veracruz denunciou o governador Javier Duarte, por sua política repressora, e recordou a violência exercida contra ativistas e estudantes na entidade.
Ao abordar o caso de Narvarte, onde foram assassinados o repórter-fotográfico Rubén Espinosa e a ativista Nadia Vera – que previamente fugiram de Veracruz por medo de represálias -, esclareceu:
“Não é um caso a mais, não se pode continuar falando de mais um assassinato isolado em Veracruz”, sentenciou.
Desde muito cedo, os pais se manifestaram por várias embaixadas em Polanco – encerraram sua mobilização na representação diplomática da União Europeia –, onde entregaram escritos.
Depois disso, os pais se reuniram no Anjo da Independência e iniciaram uma marcha que teve início um pouco antes das cinco da tarde. Em suas mãos, carregavam cartazes nos quais estavam impressos os rostos de seus familiares desaparecidos.
Os diferentes grupos de familiares e normalistas, estudantes, cidadãos e organizações sociais se agruparam em uma caravana de milhares de pessoas que, de maneira pacífica, marcharam no lado direito do Passeio da Reforma.
Sobre as mantas que adornam as precárias paredes da barraca instalada em frente à Procuradoria Geral da República (PGR), pendurados em cordas, estavam os retratos dos 43 estudantes normalistas desaparecidos.
Nas calçadas, soldados e policiais vigiavam a mobilização, ao mesmo tempo em que resguardaram certos edifícios, entre eles sucursais bancárias e o imóvel do jornal ‘Excélsior’.
A marcha parou um momento no cruzamento com a Avenida Juárez, à altura do chamado “antimonumento 43”, onde foram repassados os nomes dos desaparecidos. Por trás das altas peças de ferro vermelho, que conformam o “+43”, as plantações de milho semeadas durante a instalação do antimonumento, no último dia 26 de abril, já cresceram: agora, alcançam as cabeças dos manifestantes.
“Presente!”, gritou a multidão para cada nome citado. “Com vida”, acrescentaram alguns. Uma hora e meia após sua partida, a marcha chegou ao Zócalo.
Na Praça da Constituição, foram observadas imensas barracas brancas e o pavilhão que abrigará a segunda festa das culturas indígenas, povos e bairros originários da Cidade do México, a partir desta quinta-feira, dia 27.
Ocupado o espaço, a caravana rodeou a instalação e, em frente da sede do Governo do Distrito Federal, encontrou-se com uma dezena de trabalhadores eventuais da delegação Xochimilco.
Estes também protestaram hoje: denunciaram que perderão seu emprego com a mudança do chefe de delegação. Ao ouvir as consignas da marcha, os burocratas levantaram seus letreiros para as janelas fechadas do edifício e retomaram com entusiasmo: “Peña, Mancera, a mesma xingadela”.
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Pais dos 43 estudantes desaparecidos no México se reunirão com o Papa Francisco nos Estados Unidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU