08 Julho 2015
"Gostamos de dizer que a organização Essere Umani – quem fala é Juri Nervo, que é um dos seus fundadores –, para nós, é um ponto de chegada e de virada, porque nasce de um grupo que trabalha junto há anos no campo: na prisão, pelas ruas e nas escolas. Ele nasceu da nossa vontade de nos empenhar concretamente para desencadear uma mudança, a partir da necessidade de resgatar as injustiças com as quais, por anos, nos confrontamos cotidianamente."
A reportagem é de Agnese Moro, publicada no jornal La Stampa, 05-07-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
A que vocês se propõem?
Esseri Umani se propõe, com as suas ações, a difundir a ética sul-africana do ubuntu, resumível na expressão 'Eu sou o que sou em virtude daquilo que todos nós somos. É uma regra de vida, baseada na compaixão, no respeito pelo outro. O ubuntu exorta a se sustentar e a se ajudar reciprocamente, a tomar consciência não só dos próprios direitos, mas também dos próprios deveres, pois é um impulso ideal na direção da humanidade inteira, um desejo de paz. Através disso, queremos desencadear com as nossas intervenções uma nova visão das coisas; a prisão, então, não tem mais sentido da forma como é, a solidão da pessoa portadora de deficiência ou do idoso não pode deixar de me tocar e de me acordar, o sem-teto pelas ruas me interroga.
Vocês nasceram este ano. O que fizeram até agora?
As nossas atividades passam pelo mundo da prisão, colaboramos com o Instituto Penal para Menores e com o Centro de Primeira Acolhida de Turim e de Pontremoli, perto de Massa Carrara. Com o Ermo do Silêncio, temos um projeto de intervenção nas ruas com os sem-teto e, por fim, muitas atividades nas escolas sobre as temáticas da mediação, da prisão, do silêncio e do perdão, tema, este último, desenvolvido em colaboração com a Universidade do Perdão de Turim.
E os seus próximos compromissos?
Iniciar campanhas nas escolas, alinhadas com a nossa filosofia, através do portal dedicado a isso, Esserescuola.org. Além disso, estamos projetando, em algumas cidades da Itália, microeventos de formação sobre o tema da prisão, da justiça, do bullying e da mediação. Gostaríamos de encontrar pessoas que, com o seu empenho, tornaram este mundo mais humano, como o prêmio Nobel Desmond Tutu, que, com Nelson Mandela, transformou em ação concreta a ética do ubuntu, para superar os horrores do apartheid: durante esses encontros, queremos pedir a assinatura do nosso manifesto, como estímulo e sinal, para nós, de que estamos indo na direção certa.
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A ética do ubuntu para o respeito pelo outro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU