29 Junho 2015
O assassinato a sangue frio de nove pessoas negras em uma igreja de Charleston pelas mãos de um extremista branco de 21 anos voltou a colocar o foco sobre o perigo real representado por extremistas da direita norte-americana em um momento no qual a segurança nacional dos Estados Unidos se concentra em conter a ameaça jihadista. Dylann Roof nunca escondeu seu gosto por armas e símbolos racistas. Com suas nove vítimas, agora já são 48 os mortos por direitistas radicais nos Estados Unidos desde os atentados de 11 de setembro de 2001, segundo uma contagem feita pelo centro de estudos sobre segurança internacional New America que compara o número de vítimas do que chama "deadly right wing attacks" (na tradução, ataques inspirados em bandeiras da extrema direita) e "deadly jihadist attacks" (ataques com mortos motivados pelo jihadismo). Os mortos por terrorismo cuja inspiração é o extremismo islâmico nos EUA durante esse mesmo período chegam a 26.
A reportagem é de Pablo Ximénez de Sandoval, publicada por El País, 25-06-2015.
O estudo se concentra nos ataques cometidos por cidadãos norte-americano ou assimilados aos EUA, reunidos sob o título de terrorismo doméstico. Cita um total de 460 indivíduos acusados de terrorismo nesses anos, ou com motivações terroristas críveis. Destes, 277 são jihadistas e 183 de outras ideologias. Dos 19 casos analisados, o genocídio de Charleston é o que provocou mais vítimas mortais, seguido pelo cometido por um neonazista em um templo sikh em Wisconsin em 2012 (seis mortes).
É difícil definir a motivação extremista da direita. Ela não pode ser equiparada ao terrorismo, os autores reconhecem, já que a Constituição protege a liberdade de expressão e o direito de ter opiniões radicais. Os autores se concentram nos casos em que a violência é usada para conseguir esses fins. Por exemplo, o estudo classifica dentro das vítimas do extremismo de direita (dentro do segmento deadly right wing attacks) o segurança de um banco assassinado durante um assalto em Tulsa, Oklahoma, em 2004. A razão é que o motivo final dos assaltantes era comprar armas para vingar a atuação do Governo federal nos acontecimentos de Waco (Texas) em 1993.
O maior atentado em solo norte-americano entre Pearl Harbor (em 1941) e 11 de setembro de 2001 foi realizado por outro extremista, Timothy McVeigh, cujo motivo era o ódio contra as instituições federais. As bombas colocadas no edifício federal em Oklahoma mataram quase 170 pessoas em abril de 1995.
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EUA sofrem mais ataques inspirados pela direita radical que pelo jihadismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU