O cardeal filipino Luis Antonio Tagle se prepara, na próxima semana, para assumir a presidência da Cáritas Internacional. O seu grande "patrocinador", o purpurado hondurenho Óscar Rodríguez Maradiaga, poderia se tornar, em breve, o prefeito da nova Congregação para os Leigos, a Família e a Vida.

A reportagem é de Ignazio Ingrao, publicada na revista Panorama, 07-05-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Além dela, nascerá um Pontifício Conselho para a Justiça, a Paz, o Ambiente e os Migrantes, provavelmente liderado pelo cardeal ganês Peter Turkson. Enquanto o ex-presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, que se ocupava da caridade do papa, o cardeal Robert Sarah, da Guiné Conakry, tornou-se prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e está nas livrarias com um livro, publicado na França, mas logo traduzido também na Itália, que se intitula Deus ou nada (Ed. Fayard), que relança o papel do continente africano: "A África poderia se tornar a ponta de lança da Igreja na sua oposição à decadência ocidental". Um livro que, na Cúria, todos leram, para conhecer melhor esse purpurado que foi um dos bispos mais jovens já nomeados por João Paulo II (com apenas 34 anos!) e já está cheio de experiência pastoral, na Congregação para a Evangelização dos Povos e no Conselho Cor Unum. Uma figura de referência na Igreja de Francisco com a cabeça virada para o Sul.

Reorganização em vista também para a Secretaria de Estado

Promoção à vista também para o sostituto da Secretaria de Estado, Dom Angelo Becciu, que poderia se tornar o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Além de Becciu, um dos colaboradores mais próximos de Bergoglio, o papa poderia confiar outra tarefa delicada para outro prelado, também este próximo do Movimento dos Focolares: Luciano Suriani, delegado para as representações pontifícias, talvez destinado como núncio na Suíça.

As substituições de Becciu e Suriani poderiam coincidir com uma reorganização de casas importantes da Secretaria de Estado, onde alguns postos de liderança (começando pelo da seção de língua espanhola) ainda estão vagos.

Raúl Castro pegou todos de surpresa

A visita privada de Raúl Castro anunciada para a manhã de domingo, 10 de maio, ao papa na Casa Santa Marta, pegou todos de surpresa. Também em vista da iminente visita dos dias 6 a 12 de julho ao Equador, Bolívia e Paraguai, e depois Cuba, em setembro, e Uruguai, Argentina e Chile, em 2016, o pontífice realmente se posiciona como um líder da América Latina, também do ponto de vista geopolítico. É boa a consonância com o presidente do Equador, Rafael Correa, estrênuo adversário, como o papa, da teoria de gênero.

Junto com a encíclica, em junho, também será publicado o Instrumentum laboris para o próximo Sínodo dos bispos sobre a família, programado para outubro. Mas, com as catequeses sobre o matrimônio e a família nas audiências das quartas-feiras, o pontífice já está tentando orientar a reflexão.

Desta vez, se tentará evitar o clima de confronto registrado na primeira assembleia extraordinária de outubro de 2014. E o papa também parece determinado a redimensionar muito a discussão sobre o tema do acesso aos sacramentos para os divorciados em segunda união.