Por: Jonas | 24 Março 2015
Na opinião de Pedro Tarquis, diretor do blog Protestante Digital, “a atuação de Francisco repete a do cardeal Cisneros em seu tempo. Revolução ética e moral, mas os mesmos princípios”. O artigo é publicado por Religión Digital, 21-03-2015. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
Pediram-me que, como cristão protestante, escrevesse sobre a marca de Francisco neste segundo aniversário de seu pontificado. Em seu caso, mais do que em qualquer outro, apresenta-se a questão de que o problema não é o Papa, mas o papado.
Sem dúvida, Francisco trouxe ar fresco em imagem, em estilo de governo e em conceitos éticos ao catolicismo romano.
Sua proximidade, sua simplicidade, sua preocupação por temas sociais, seu posicionamento em temas éticos importantes (como as questões de abuso sexual do clero, a imigração, a justiça social, a perseguição aos cristãos) foram aspectos pessoais muito positivos e que só podem ser lidos a partir da empatia com sua pessoa.
No entanto, uma questão bem diferente é a dimensão do personagem, sua figura como Vigário de Cristo, sua postura a respeito dos princípios fundamentais do cristianismo como é entendido pela Igreja evangélica ou protestante: Só a Fé, Só a Graça, Só a Escritura.
Francisco nada mudou, nem nada quis ou anunciou querer mudar neste aspecto.
Lutero continua excomungado, e a atuação de Francisco repete a do cardeal Cisneros em seu tempo. Revolução ética e moral, mas os mesmos princípios.
Neste sentido, a maioria dos cristãos evangélicos ou protestantes não compartilha entusiasmo algum a respeito do futuro do ecumenismo em seu sentido mais profundo: unidade em torno ao Jesus dos Evangelhos acima do das tradições, instituições e Magistério.
Inclusive, em muitos subjaz a dúvida de se a atuação do “Sumo Pontífice” não é no fundo uma manobra para atrair e diluir o pujante movimento evangélico na América Latina.
Por tudo isso, acredito que sua figura é aceita e valorizada no pessoal, mas discutível, questionável e polêmica no institucional. Seria necessário, para avançar superando estas questões e esclarecer dúvidas e interrogações, que Francisco mergulhasse no fundo do coração do Vaticano, aprofundando muito mais do que os mencionados aspectos éticos, sociais e de imagem.
Porque Jesus embora tenha tratado destes importantes aspectos éticos e sociais (o “bom samaritano”, as parábolas), ao mesmo tempo questionou de forma radical o próprio Templo de Jerusalém, a instituição religiosa de seu tempo, as tradições e o magistério dos fariseus, para dizer: Está Escrito.
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“O problema não é o Papa, mas o papado” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU