19 Mai 2015
O costume do Papa Francisco de fazer ligações telefônicas para os católicos tornou-se um sinal conhecido de sua cordialidade, sinceridade e atenção para com os indivíduos. E, embora nem todos podem esperar receber um telefonema pessoal do papa, não custa nada estar preparado. Por isso, perguntamos a alguns fiéis: O que você diria se tivesse cinco minutos com o Papa Francisco?
As respostas foram dadas por Stephen Colbert, M. Shawn Copeland, Daniel J. Misleh, Ramesh Ponnuru, James F. Keenan, Arthur Fitzmaurice, Natalia Imperatori-Lee, Kathryn Jean Lopez, além de outros usuários do Twitter e Facebook. O texto foi publicado na revista America, dos jesuítas dos Estados Unidos, 18-05-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Rotina matinal
"Eu diria, o que você faz para obter esse sorriso em seu rosto de manhã? Lembro-me de ouvir falar que Madre Teresa dizia: Levanta-te, sorria e diga sim .... Mas o papa parece tão feliz. Fiquei pensando: Qual é a sua rotina matinal? O que você está fazendo? Como são os seus primeiros cinco minutos quando sai da cama de manhã?".
Stephen Colbert foi apresentador do programa "The Colbert Report" no canal Comedy Central, de 2005 a 2014. Ele foi escolhido como o próximo apresentador do programa "The Late Show", da rede de televisão CBS, a partir de setembro. Esta resposta foi extraída de uma entrevista em vídeo com o Sr. Colbert realizada pela revista America. A versão completa da entrevista pode ser encontrada em americamagazine.org.
Uma reunião diversa
Obrigada pela generosidade com a qual você respondeu ao ministério papal - sua confiança e abertura ao Espírito Santo, tanto nas orações quanto no senso dos fiéis; pelo seu exemplo de como viver com a responsabilidade que lhe foi confiada; e a alegria, compaixão e misericórdia que você irradia em nosso mundo. Obrigada por manter o pobre vivo em seu coração e por cutucar-nos para sermos uma Igreja que cuida de nossas irmãs e irmãos de forma amorosa e prática. Obrigada pela sua consideração por aqueles que não partilham a nossa fé, mas que partilham a nossa busca pelo Deus vivo. Você sabe como ouvir e atender as mulheres pobres em suas casas e em suas necessidades, então eu peço-lhe para encontrar-se cara-a-cara com as mulheres de nossa Igreja - um encontro diversificado com vários continentes e países, diferentes situações socioeconômicas, culturas, raças, orientações sexuais, opiniões pessoais e questões teológicas. Por favor.
M. Shawn Copeland é professora de teologia sistemática no Boston College em Chestnut Hill, Massachusetts.
Salvar a humanidade de si mesma
Santo Padre, estou muito satisfeito que você escolheu abordar as questões morais levantadas pela degradação ambiental em sua segunda encíclica. Como você sabe, as mudanças climáticas são, muitas vezes, aqui nos Estados Unidos, vistas como uma questão política, e não científica. No entanto, sabemos pela ciência que estamos, de fato, modificando a química da atmosfera e deixando um futuro perigoso para os nossos filhos. Ao mesmo tempo, a ciência nos diz como a humanidade veio a existir ao longo de bilhões de anos de evolução. Existe alguma maneira de usar esse conhecimento das nossas origens científicas e espirituais para avançar em um diálogo mais esperançoso sobre nosso futuro? Como a Igreja pode ajudar a nossa sociedade a ir para além das disputas entre esquerda e direita sobre a questão climática e chegar a um ponto que ofereça uma avaliação mais realista e um programa prático para salvar a humanidade de si mesma? Obrigado pela sua sabedoria e pelo seu testemunho.
Dan Misleh é o diretor-executivo da Catholic Climate Covenant, uma agência para a educação e ação sobre o ensinamento católico sobre as mudanças climáticas nos Estados Unidos
Ouvir apenas
Se eu tivesse cinco minutos com o Papa Francisco, eu iria passar quatro deles ouvindo ao invés de falar. No minuto remanescente, eu iria agradecê-lo por testemunhar em favor da santidade da vida, da dignidade dos pobres e da importância da complementaridade dos sexos dentro do casamento. Se eu tivesse qualquer tempo de sobra, eu gostaria de sugerir que os católicos dos EUA ouvissem mais sobre a grande bênção que é o sacramento da reconciliação.
Ramesh Ponnuru é colunista da Bloomberg View, com sede em Washington, pesquisador visitante do American Enterprise Institute e editor sênior do The National Review.
Um exemplo de sacerdócio misericordioso
Gostaria de dizer-lhe que esses últimos dois anos têm sido os mais felizes dos meus 33 anos de sacerdócio. Tenho orgulho de ser um padre católico, hoje, porque o nosso papa é a favor da promoção da misericórdia; rotineiramente, coloca o ministério para os pobres no centro da Igreja; está aprendendo lenta mas seguramente sobre a contínua liderança das mulheres na Igreja; odeia o clericalismo; com cada nomeação, mostra uma opção pelo Sul global e vive a vida que ele nos chama a levar. Gostaria de acrescentar que, apesar dos comentários de alguns bispos influentes e jornalistas bem renomados, a maioria dos católicos nos Estados Unidos, agradecem a Deus, todos os dias, pela sua eleição. Finalmente, iria dizer que rezo por sua saúde, seu consolo e sua sabedoria; e espero que continue com a gente mais tempo do que ele sugere. Que ele é um jesuíta, para usar suas próprias palavras, do tipo "cereja do bolo".
James F. Keenan, SJ é professor e diretor do Instituto Jesuíta do Boston College em Chestnut Hill, Massachusetts.
Busca pelo amor de Deus
Santo Padre, eu não acredito que Deus me ama. Não importa o que eu faça, o quanto eu rezo, o quanto eu sirvo a Igreja, eu nunca vou merecer o amor de Deus. Eu sei que isso não é o que Jesus ensina, mas isso é o que a Igreja me ensinou. Quando contei aos meus pais que sou gay e líder em um ministério pastoral para pessoas gays e lésbicas, eles me disseram que eu iria provavelmente para o inferno e que não iriam rezar por mim. Eu estou em meus 30 anos, mas essa é também a história de católicos em seus 60 e 70 anos, que passaram a vida acreditando que Deus não os ama. Essa é a história de adolescentes e jovens, que aprenderam que nunca merecerão ser amados e estão além até mesmo da graça de Deus. Palavras fazem a diferença. Por favor, diga a nossos irmãs e irmãos que são lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros que Deus ama a todos nós. Talvez as feridas vão cicatrizar e acreditaremos nesta mensagem.
Arthur Fitzmaurice é pesquisador sênior e diretor executivo para o ramo LGBT do Catholics in Alliance for the Common Good e diretor de recursos da Associação Católica para o Ministério de Gays e Lésbicas.
Reconhecer as mulheres na Teologia
Em primeiro lugar, obrigada. Obrigada por liderar com misericórdia e ter como foco a pobreza, a reforma da Cúria, e por tomar o problema do abuso sexual a sério. Obrigada por vir aos Estados Unidos, pela desobstrução da canonização de Oscar Romero. Obrigada por sorrir genuinamente em suas audiências, por beber mate na Praça de São Pedro, por lavar os pés dos prisioneiros (mesmo das mulheres e dos muçulmanos!). Você revigorou a Igreja, soprou vida nova para os descontentes, os jovens e os marginalizados, e por isso eu sou grata.
Mas eu tenho um favor a pedir. Pare de inquirir por uma teologia das mulheres. Na verdade, por favor tire o termo "teologia das mulheres" de seu repertório. Sugerir que uma teologia em particular precisa ser feita (por quem?) sobre as mulheres implica que as mulheres não podem refletir sobre temas teológicos. A partir do momento que Maria de Nazaré proclamou o Magnificat, as mulheres vem fazendo uma teologia profunda, criativa e ortodoxa. Nós viemos de todas as partes do mundo e escrevemos sobre todos os aspectos do catolicismo em muitas línguas. Nós discernimos os sinais dos tempos, como os homens, a partir de uma perspectiva particular, mas não uma que é uniforme. Deixe essa diversidade de vozes informar a Igreja. Nós não precisamos de uma nova disciplina, precisamos de espaço e de um ouvido atento.
Natalia Imperatori-Lee é professora-adjunta de Estudos Religiosos no Manhattan College, em Nova York.
Uma Mensagem de Gratidão
Obrigada. Obrigada por sua fidelidade. Obrigada pela sua confiança no Espírito Santo. Obrigada por ser o diretor espiritual jesuíta para o mundo, modelando um discernimento dos espíritos para o mundo todo ver. É a única maneira de um cristão viver e é a única estratégia evangélica digna desse nome. Nós tivemos tais dons em nossos últimos papas, e você não é exceção. Estou rezando por você e com você. Obrigada por liderar o caminho para que muitos mais possam seguir a Jesus Cristo fielmente - desejosamente, completamente, misericordiosamente, com confiança, verdadeiramente, contra-culturalmente. Obrigada, Santo Padre; você me desafia diariamente no caminho do Senhor. E por aquilo que vemos, você faz isso porque vive na Trindade e ama Maria como sua própria mãe. Obrigada por isso. Oxalá todos nós vivêssemos assim.
Kathryn Jean Lopez é membro sênior do Instituto Nacional de Análise e editora geral da National Review Online. Ela é uma das fundadoras do Catholic Voices USA e co-autora da próxima edição revisada do livro How to Defend the Faith Without Raising Your Voice (Our Sunday Visitor).
Mensagens no Twitter
Muitos 'Obrigado'.
Ir. Julia
@juliafspa
Eu agradeceria por seu diálogo aberto sobre questões polêmicas da Igreja e seu comprometimento pela justiça social.
Sandra Dufresne
@SandraDufresne
Nós conversaríamos provavelmente sobre futebol.
Robert Christian
@RGC3
#SantoPadre, o senhor ouviria a minha confissão?
John Zwicker
@JohnZwicker1
Mensagens no Facebook
Eu iria pedir a ele que rezasse pelos jovens em nossas comunidades, que eles possam sentir o Espírito Santo em suas vidas e que são amados assim como são.
Nichole Brown
O senhor pode ficar vivo mais 100 anos?
Kim Ita
Eu provavelmente iria chorar por quatro minutos e meio e então mal e mal conseguir pedir a sua bênção.
Carolyn Martin Buscarino
Não deixe aqueles da Cúria derrubá-lo.
Michael Walker
Obrigada, que Deus lhe abençoe; e que Deus possa inspirá-lo a cada dia com sua graça e misericórdia.
Valeria Ellegood
Encontre um jeito para que os marginalizados, divorciados, LGBT recebam a Eucaristia.
Willa Guadalupe Grant
Obrigado por sua inspiração e encorajamento. Durante a Quaresma, muitos paroquianos voltaram a se confessar depois de 20, 30, 40 anos ou mais, e quando perguntados o porquê, eles disseram: "Por causa do Papa Francisco". Que Deus continue a abençoá-lo.
Diocese de Syracuse
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Cinco minutos com o Papa Francisco. O que você diria? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU