Desemprego, em julho de 2016, fica em 10,4% na Região Metropolitana de Porto Alegre – RMPA e permanece estável em relação a junho (10,3%). O nível ocupacional apresentou redução: 0,4%. O Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU, compartilha a nota publicada pela Fundação de Economia e Estatística - FEE.
Eis o texto.
A estabilidade relativa na taxa de desemprego se registra pelo segundo mês consecutivo. As informações foram captadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA) para o mês de julho (2016) e divulgadas nesta quarta, 31, pelo DIEESE, FEE e FGTAS. Os dados mostram redução do nível ocupacional, relativa estabilidade da taxa de desemprego total, redução do rendimento médio real para o total de ocupados e trabalhadores autônomos e aumento para os assalariados.
A taxa de desemprego total passou de 10,3% em junho para 10,4% da População Economicamente Ativa (PEA) em julho de 2016. Isso significa um número estimado de desempregados de 197 mil pessoas, 1 mil a mais em relação ao mês anterior. O nível ocupacional registrou queda de -0,4% ou menos 7 mil, superior à saída de pessoas do mercado de trabalho (menos 6 mil, ou -0,3%). Para a economista do DIEESE, Lúcia Garcia, Porto Alegre parece estabelecer um padrão, antes mesmo das demais regiões metropolitanas, de estagnação. Apesar de a crise dar alguns sinais de que os indicadores pararam de piorar, a manutenção dessa taxa de desemprego em um patamar alto e com relativa estabilidade, pode indicar uma condição de degradação do mercado de trabalho. “Estamos respirando porque chegamos ao fundo do poço? A estabilidade não é um conforto, não podemos estagnar no fundo do poço. Toda condição de degradação do mercado de trabalho se manifesta primeiro na taxa de desemprego aberto e, hoje, a gente tem 197 mil desempregados. O desemprego veio pra ficar e é um indicador síntese, a ponta do iceberg, que afeta a todos e a toda economia”, destaca.
Com relação aos setores da atividade, constatou-se redução na construção (menos 10 mil ocupados, ou -8,1%) e nos serviços (menos 10 mil ocupados, ou -1,0%) e aumento na indústria de transformação (mais 12 mil ocupados, ou 4,5%). O setor de comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas apresentou estabilidade.
De acordo com Lúcia Garcia, os números que indicam recuperação do emprego na indústria estão em sintonia com o contexto industrial que vem dando sinais de retomada, contudo, a economia com um todo não apresenta indicadores de reversão. “Na indústria brasileira, o setor que mais cresce é o de alimentos e bebidas, mas não é uma área com força para puxar todo o desempenho. Se olharmos para o cenário recessivo somado ao prenúncio de uma política fiscal austera, infelizmente devemos dizer que não temos boas notícias para os trabalhadores”, alerta.
Segundo a posição na ocupação, diminuiu o contingente de assalariados (menos 11 mil, ou -0,9%), em decorrência da redução no setor privado (menos 12 mil, ou -1,2%), que registrou redução do emprego sem carteira assinada (-10,9%) e relativa estabilidade com carteira assinada (-0,1%). O setor público pouco se alterou (mais 1 mil, ou 0,5%). Em relação aos demais contingentes, constatou-se elevação entre os trabalhadores autônomos (+1,7%) e empregados domésticos (+ 5,7%). As condições adversas do mercado de trabalho estariam devolvendo profissionais para o emprego doméstico? A economista da FEE, Iracema Castelo Branco, destaca que este é o quarto mês consecutivo em que se observa aumento do trabalho autônomo, o que indica um crescimento do emprego por conta própria, que possui menos benefícios e menor rendimento médio real quando comparado com o emprego formal. “É bastante nítido nos dados analisados que o vínculo que mais está se degradando é o com carteira assinada”, alerta.
Entre maio e junho de 2016, o rendimento médio real apresentou redução para o total de ocupados (-1,9%) e trabalhadores autônomos (-3,2%) e aumento para os assalariados (0,9%). Em termos monetários, esses rendimentos passaram a corresponder a R$ 1.963, R$ 1.704 e R$ 1.969 respectivamente. “Estamos diante de um novo patamar de desemprego e do desenho de um padrão de qualidade de vida mais precário, obrigando o trabalhador a aceitar uma situação mais adversa, com ganhos menores, mais intensidade de trabalho e menor proteção social. Isso não afeta só o trabalhador, mas repercute em toda dinâmica econômica”, analisa Lúcia Garcia.
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