20 Outubro 2015
"Se se consideram complexivamente as cinco línguas monitoradas por 'Il Sismografo', os textos ainda tem sido aproximadamente 15 mil. É tradicional que a segunda semana do Sínodo corresponda a uma forte redução de textos (e também de interesse)", escreve Luis Badilla, jornalista em artigo publicado por Il sismografo, 18-10-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Eis o artigo.
Boa parte da segunda semana do “Sínodo midiático” centrou-se na história do patético ‘scoop’ [furo de reportagem] sobre “13 cardeais” que teriam escrito ao Papa, antes da abertura da Assembleia, estranhando pouca transparência e liberdade, bem como conclusões pré-confeccionadas. Dos EUA, aos 13 se juntaram outros 4 cardeais. No entanto, no final dos 17, tendo em conta 6 desmentidos, o texto da Carta apresenta com esta solene redação: “Eis aqui a seguir o texto da carta, traduzido da redação original em inglês”. Infelizmente, para o pelego que procurou montar um escândalo na tentativa de enlamear e perturbar os trabalhos do Sínodo, se trata de um texto falso. A carta existe, e o Papa de certo modo deu resposta pública no Sínodo, mas, aquela publicada com tanta segurança e amplificação é uma pataca que se tentou – mas a mutreta só durou algumas horas – de traficar como ouro fundido.
Os firmatários, no final, são – como já calculado – 11 cardeais e os ‘em aspas’ do presumido conteúdo não correspondem ao documento consignado ao Papa Francisco. Na prestação de contas de domingo passado falamos daquele grupo midiático de jornalistas “contra a prescindir” e de sua aguerrida máquina de guerra. Não é dito que após o incidente da carta envenenada, com veneno como acessório, os “contra a prescindir” estejam em retirada. Algum deles já escreveu que poderia haver outras tentativas nos próximos dias. Por ora só podemos dizer: a máquina preparada para disparar sobre os padres sinodais se desarticulou por culpa de uma asneira. Veremos.
Outras considerações:
(1) Menos distância entre os “dois” Sínodos
Além desta agora velha história, e sobre a qual só voltamos porque estamos propondo uma prestação de contas da semana, o “Sínodo midiático”, com a exceção de alguma “tormenta”, se aproximou um pouco mais do Sínodo real conseguindo, não poucas vezes, prosseguir com menos tendenciosidade as discussões, os Relatórios, os briefing... Talvez porque se registrou um notável aumento de padres sinodais dispostos a dar entrevistas. Como é sabido, a voz dos protagonistas, se interrogados por jornalistas verazes (e não pela haste dos microfones ou pela caixa do correio) é sempre uma insubstituível contribuição a uma informação veraz e completa. Ao mesmo tempo, numerosos bons analistas e comentadores conseguiram fazer publicar textos de grande apreço e não só com excelentes conteúdos jornalísticos, mas também conceituais (em teologia, eclesiologia, pastoral). Alguns noticiários web, em diversas línguas, neste esforço ainda conquistaram prestígio e confiabilidade.
(2) Atenção midiática sempre alta
Se se consideram complexivamente as cinco línguas monitoradas por “Il Sismografo”, os textos ainda tem sido aproximadamente 15 mil. É tradicional que a segunda semana do Sínodo corresponda a uma forte redução de textos (e também de interesse), mas nesta ocasião não foi assim, em primeiro lugar porque a atenção midiática sobre o Sínodo é sempre alta (é uma “notícia”) e depois, porque a história da Carta dos “13” por um par de dias aumentou este interesse. Poderia acrescentar-se outro motivo, se bem que das últimas horas: a Comemoração, ontem, do 50.° aniversário da Instituição do Sínodo permitiu fechar a semana com uma forte retomada. Em particular dois momentos muito “altos” da Comemoração fazem de estímulo midiático: a alocução do Papa Francisco, “corajosa, transparente, firme e profunda” e o Relatório comemorativo do cardeal Christoph Schönborn, “inteligente, original e bem articulado”.
(3) Os briefing [sumários] da Sala de Imprensa
Exceção feita de algum “resistente” que continua dizendo que a informação é controlada e oferecida com o conta-gotas, para a verdade a imensa maioria dos jornalistas conseguiu, a julgar pelo que escreveram (e monitoramos e lemos 54 textos), fornecer aos próprios leitores prestações de contas completas e verídicas sobre o desenvolvimento dos trabalhos sinodais. É verdade, e é bom que seja assim, em muitíssimos permanecem dúvidas e perplexidades passageiras “sensíveis” que talvez, no final, serão utilizadas como “metro” para mensurar “quem venceu e quem perdeu”. É esta, entre outras coisas, a próxima grande tormenta previsível do “Sínodo midiático”.
(4) Escassez ou debilidade teológica
De nossas conversações com nove vaticanistas, peritos e sérios, se pode dessumir uma espécie de observação crítica sobre o Sínodo que se resume assim: com a exceção do episcopado alemão, e de algum padre sinodal (europeu e latino-americano), o Sínodo se revelou até aqui antes escasso ou débil no âmbito teológico, em particular no referente aos desafios pastorais mais sensíveis, discutidos e polêmicos (em boa medida “novidades” relevantes). Em substância, às elaborações do cardeal Kasper não seguiram outras, encorpadas, orgânicas e sistemáticas, ao ponto de que o todo por ora se rege somente sobre quanto foi escrito pelo cardeal alemão. Ao Papa foi dada esta contribuição. Aqueles que o poderiam ter feito se perderam no âmbito da divulgação e às vezes da polêmica.