02 Dezembro 2025
Uma bola de neve que rola e cresce cada vez mais. É assim que a Irmã Alessandra Smerilli, Secretária do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, define a experiência global da "Economia de Francisco".
A entrevista é de Giuseppe Muolo, publica por Avvenire em 30-11-2025. Tradução de Luisa Rabolini.
Eis a entrevista.
O encontro foi aberto com a mensagem do Papa, que a senhora leu para os jovens.
A proximidade do Papa Leão é um sinal importante. Ele concluiu sua mensagem convidando-os a "seguir em frente juntos", trilhando o percurso iniciado pelo Papa Francisco. Exortou os jovens a não se entregarem à resignação e a olharem para o novo a partir das periferias, mencionando seu discurso aos movimentos populares. Em seguida, citando o beneditino francês Ghislain Lafont, mostrou a eles como as mudanças podem, por vezes, acontecer mesmo na fragilidade. Um convite para empregar todas as suas energias sem se sentirem pequenos demais ou impotentes. Se cada um fizer a sua parte, grandes transformações podem acontecer.
O pontífice também enfatizou a importância de se deixar guiar pelas Sagradas Escrituras.
Nos últimos dias, ouvi muitos jovens que se inspiram no Evangelho e em outros livros da Bíblia para suas ações corajosas e proféticas. Dessa forma, estão construindo laços. A força da Economia de Francisco reside justamente nisso: saber-se parte de uma rede global de pessoas que trabalham na mesma direção. É como uma bola de neve que rola e fica cada vez maior. Os jovens não se sentem sozinhos, mas cada um sabe que pode fazer algo em seu próprio contexto.
Quais testemunhos achou mais interessantes?
Em uma sessão, falou um jovem de Bangladesh, que também esteve presente no encontro com o Papa Francisco em 2022. Naquela ocasião, ele havia participado para entender como se podia dar dignidade ao trabalho em lugares onde não há direitos. Hoje, ele compartilhou sua experiência como responsável de uma associação que está difundindo esse tipo de cultura. Há também outras pessoas que trabalham em muitas outras áreas, como desigualdade ou tráfico de pessoas. Não há uma única área intocada. Em todos os contextos, há um grupo de jovens engajado para renovar a economia.
Então, mudar a economia não é uma utopia?
Esses jovens estão demonstrando que é possível. Também acredito que seja importante não focar demais nos números. Porque, às vezes, até pequenas experiências, desde que verdadeiras e proféticas, podem ser imitadas. O que gosto de observar é que esses jovens estão genuinamente interessados em mudar a situação. Não ouvi palavras de reclamação, apesar das inúmeras denúncias de tudo o que não funciona no sistema. Mas, ao mesmo tempo, cada problema sempre foi acompanhado de uma proposta. Acredito que isso gerará aquela massa crítica que poderá realmente promover mudanças em maior escala. Além disso, a presença de estudantes do ensino médio nos mostra que também estamos assistindo uma mudança geracional.
Uma jornada que começou em 2019, graças ao Papa Francisco.
Quando o Papa escreveu a carta convocando os jovens e para fazer um pacto para mudar a economia atual, a resposta foi muito maior do que o esperado. Milhares de cartas foram recebidas. Todos responderam ao convite do Papa, sentindo-o como uma vocação. Isso é um aspecto que também tenho notado nestes últimos dias nos jovens que vieram, alguns pela primeira vez. Escolheram participar porque sentiram algo em seus corações.
O que mudou nos últimos anos?
A consciência do que está sendo feito. Tudo começou com um grupo de adultos e jovens. Agora, porém, o projeto está muito mais nas mãos dos jovens. Com seu frescor, eles têm a capacidade de se conectar globalmente. Além disso, no início, se falava apenas de ideias e propostas, mas hoje, projetos concretos estão sendo apresentados. Acho que caminharemos cada vez mais nessa direção, que é o que o Papa Francisco pediu.
Entre os projetos dos jovens, muitos estão ligados à inteligência artificial. Isso demonstra que mesmo as novas tecnologias, se bem direcionadas, podem coexistir com a evangelização.
Sem dúvida. Tudo pode ser usado para o bem. Isso nos mostra que há ampla oportunidade para usar tudo o que a tecnologia nos oferece. Os jovens demonstram que devemos fazer isso não com uma mente já formada ou, por vezes, deformada, mas com uma mente e um coração que estão se formando e que desejam fazer isso pelo bem.
Qual é a sua esperança para o futuro?
Que haja maior concretude e se continue a gerar dos projetos, com a esperança de que os jovens assumam cada vez mais o protagonismo e nunca percam o entusiasmo.
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