12 Novembro 2025
Após quatro anos de consultas, a Assembleia Sinodal da Conferência Episcopal Italiana (CEI) aprovou seu documento de síntese final, Fermento de Paz e Fraternidade, incluindo uma seção que aborda a situação das pessoas LGBTQ+ na Igreja.
A reportagem é de Phoebe Carstens, publicada por New Ways Ministry, 12-11-2025.
O documento reconhece gays e pessoas trans como membros da Igreja e exorta que:
“…as Igrejas locais, superando as atitudes discriminatórias por vezes presentes nos contextos eclesiais e sociais, comprometem-se a promover o reconhecimento e o acompanhamento pastoral das pessoas homossexuais e transgênero, bem como dos seus pais, que já pertencem à comunidade cristã.” (Documento de Síntese, Parte III, §62 c)
Além disso, observa que a CEI “apoia, por meio da oração e da reflexão, os 'dias' cívicos destinados a combater todas as formas de violência e discriminação, demonstrando proximidade com aqueles que são feridos — incluindo os dias contra a violência de gênero, a pedofilia, o bullying, o feminicídio, a homofobia e a transfobia.” (Documento de Síntese, Parte III, §62 d)
O documento dá especial ênfase à dignidade e à inclusão, proclamando: “Cada pessoa traz um dom para a comunidade, e ninguém deve sentir-se excluído da caminhada do Evangelho” (Documento de Síntese, Parte III, §60).
Mais de 500 mil pessoas, 50 mil grupos locais e 400 delegados diocesanos estiveram envolvidos no processo sinodal ao longo dos últimos quatro anos. O documento final foi aprovado no final de outubro, com 781 votos favoráveis em um total de 809, representando o que a Rede Global de Católicos Arco-Íris chamou não apenas de uma etapa processual, mas de uma nova direção para a Igreja italiana.
Segundo o site katholisch.de, o documento aborda diversas outras áreas cruciais de necessidade, incluindo a resposta a situações de abuso, o fortalecimento do papel da mulher na Igreja e o compromisso com o desarmamento. Em relação a uma variedade de contextos pastorais, o documento convoca a Igreja a “aprender a linguagem da escuta e da ternura para com aqueles que sofrem feridas e marginalização” (Documento de Síntese, Parte III, §61).
Em uma coletiva de imprensa sobre o lançamento do documento, o Arcebispo Erio Castellucci, Presidente do Comitê Nacional do Caminho Sinodal, aprofundou-se nesses pontos, demonstrando mais uma vez o compromisso com a postura de acompanhamento que o documento exige. Erio afirmou:
“A moral não é estática; ela deve se moldar a partir da situação, do progresso do conhecimento e, sobretudo, dos rostos e das condições das pessoas. O Papa Francisco nos ajudou a olhar de forma diferente para os casais divorciados e recasados. Ele nos pediu para acompanhar a todos… acompanhar, discernir, integrar. E isso se aplica a todos, inclusive às pessoas com afeto pelo mesmo sexo… As pessoas nunca são categorias, mas pessoas com situações complexas. Ele não fechou nenhuma porta.”
Ao elaborar este documento, a Igreja italiana sinalizou sua intenção de ser “o fermento da paz e da esperança” em um mundo cada vez mais violento e dividido. Ao nomear e exaltar especificamente as pessoas gays e transgênero como filhos de Deus, portadores de dignidade e merecedores de compaixão, proteção e amor, a Igreja italiana oferece um modelo inspirador de como a Igreja em geral pode caminhar rumo à plenitude.
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