Por: Jonas | 14 Julho 2016
Após o cardeal Robert Sarah (foto) pedir, na semana passada, que se recuperasse a tradicional postura do padre na celebração da missa – ou seja, “de costas para o povo” –, o arcebispo de Westminster, o cardeal Vincent Nichols, escreveu aos sacerdotes de sua arquidiocese para lhes recordar que esta postura do celebrante “ad orientem” não é a norma que a Instrução Geral do Missal Romano exige.
Fonte: http://goo.gl/6bvJdQ |
A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 12-07-2016. A tradução é do Cepat.
Em um colóquio, na terça-feira passada, em Londres, no marco da conferência “Sacra Liturgia”, o cardeal Sarah – atual Prefeito da Congregação para o Culto Divino – afirmou que “é muito importante que voltemos, o quanto antes possível, a uma orientação comum, de sacerdotes e fiéis, olhando na mesma direção – para o oriente ou ao menos para a abóboda – para o Senhor que vem”.
Após pedir aos participantes do congresso que implementassem esta mudança na postura do sacerdote “onde for possível” – e com toda a catequese e “prudência” que isso requer –, Sarah foi ainda mais longe, ao sugerir que uma data idônea para a aplicação da nova medida poderia ser o primeiro domingo do Advento deste ano, “quando acolhemos ‘o Senhor que vem’ e ‘que já não tardará’”.
Ainda que a Congregação para o Culto Divino, em 2009, tenha publicado uma nota que permitia a celebração da missa “para o oriente” – como o cardeal Nichols reconheceu em sua carta desta semana –, para este purpurado esta postura continua sendo a exceção, e não a regra.
Como explicava o arcebispo de Westminster, até este esclarecimento de 2009, do Culto Divino, “reafirma que a orientação para a assembleia parece muito mais conveniente, pois torna a comunicação mais fácil”. O cardeal Nichols acrescentou que a missa não é o momento para que os padres “exerçam sua preferência ou gosto pessoais”, mas, ao contrário, deve ser a ocasião para salvaguardar “a integridade e unidade do rito romano”.
Além das advertências do cardeal Nichols, reações negativas aos comentários do cardeal Sarah vieram do porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, e do assessor do Papa Francisco e editor da revista La Civiltà Cattolica, padre Antonio Spadaro.
Em um comunicado publicado na segunda-feira, o padre Lombardi afirmou que “não há nenhuma diretiva litúrgica nova prevista para este Advento, como alguns concluíram das palavras do cardeal Sarah”. Também se especulou uma reprimenda ao Prefeito do Culto Divino feita pelo próprio Papa Francisco, em uma audiência particular que os dois tiveram no sábado passado, no retorno do cardeal a Roma.
“É melhor que se evite o uso da expressão ‘reforma da reforma’ quando nos referimos à liturgia, já que foi fonte de mal-entendidos”, apontou também o diretor da Sala de Imprensa vaticana, em referência a outra afirmação do cardeal Sarah de que o Papa lhe havia encarregado um “estudo” sobre como as duas formas do rito romano – as missas versus Deum e versus populum – poderiam se enriquecer mutuamente.
Spadaro, enquanto isso – em comentários postados na rede social Twitter, no domingo –, apoiava-se na mesma Instrução Geral do Missal Romano para manifestar que a missa versus populum é a que os padres do Concílio Vaticano II pediram.
“Construa-se o altar separado da parede, de modo que... a celebração possa ser realizada de frente para o povo”, tuitou Spadaro, fazendo eco ao ponto 2999 da Instrução Geral. “O sacerdote, de pé, de frente para o povo, estendendo e juntando as mãos, convida o povo a rezar”. O editor de Civiltà – publicação que é revisada pelo Secretariado do Estado do Vaticano e que busca a aprovação do mesmo antes de ser divulgada – também citou o ponto 146 da Instrução para mostrar seu apoio à liturgia “de frente para o povo”.
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Chovem críticas ao cardeal Sarah por pedir aos padres que voltem a celebrar missas de costas para o povo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU