29 Abril 2016
Arcebispo que ajudou a reconstruir a Igreja em Cuba é nomeado para Havana.
O Papa Francisco nomeou Dom Juan Garcia Rodriguez, prelado que ajudou a reconstruir a Igreja cubana, para ser o novo arcebispo de Havana.
A reportagem é de Carol Glatz, publicada por Catholic News Service, 27-04-2016. A tradução é de de Isaque Gomes Correa.
Ele sucede o cardeal de 79 anos Jaime Ortega Alamino, de Havana, cuja aposentadoria foi aceita pelo papa. O Vaticano fez o anúncio no dia 26 de abril deste ano.
Rodriguez, 67 anos, natural de Camaguey tem sido descrito como um prelado ao estilo do Papa Francisco. Conhecido pelo espírito missionário e como um homem de oração, ele tem a capacidade de permanecer calmo em meio às tempestades.
O religioso esteve entre as autoridades eclesiásticas cubanas que trabalharam ajudando centenas de milhares de cubanos que perderam suas casas e pertences durante um dos piores desastres naturais da história recente do país: o furação Ike em 2008.
Na época, o religioso presidia a Conferência dos Bispos do país, tendo sido visto no local do desastre carregando sacos de soja, arroz e doces de goiaba para levar às pessoas da província de Pinar del Rio, que fora severamente atingido pelo furacão.
Ele encontrou meios de ajudar a catequizar Cuba depois de quase 50 anos, quando a prática religiosa era desencorajada pelo governo comunista. Ajudas financeiras dos católicos dos EUA ajudaram a sustentar projetos em toda a ilha, incluindo um trabalho encabeçado por Rodriguez, quem organizava os avós – crescidos numa época em que puderam aprender sobre a Igreja – para que ajudassem a educar na fé os netos.
Ele contou a visitantes dos EUA em 2009 que ter os avós a ensinar a geração mais nova havia sido um sistema eficaz de catequese “porque eles se lembram das coisas. E, depois, as crianças ajudam a ensinar a seus pais”, cuja geração ficou de fora da formação religiosa durante o período mais restritivo do governo.
Falou que iniciativas tão simples quanto exibir filmes e programas de TV com temas religiosos também foram ferramentas catequéticas úteis.
Em 2008, Rodriguez pediu ao Papa Bento XVI que visitasse Cuba em 2012, o que foi feito. O objetivo era celebrar o 400º aniversário de devoção cubana à Nossa Senhora da Caridade.
“Apesar de muitos anos de silêncio sobre Deus, em Cuba existe uma sede religiosa crescente e uma devoção que só aumenta, especialmente à Nossa Senhora da Caridade, a padroeira do país”, disse Rodriguez em entrevista a um jornal vaticano em 2008.
Uma nova onda de evangelização começou entre as crianças cubanas, e grupos de adolescentes e jovens estão “vivendo os mandamentos e as bem-aventuranças apesar de serem zombadas e marginalizadas”, contou o prelado.
Dom Juan Garcia Rodriguez disse ainda que os bispos cubanos queriam que Bento XVI testemunhasse o “nosso saudável orgulho com as pessoas que permaneceram fiéis a Cristo e a sua Igreja ao longo de todos esses anos em que foram criticadas” por acreditar.
“A Igreja cubana é um rebanho pequeno e frágil. Mas, ao mesmo tempo, é fiel, aberta, que sempre está a serviço; é uma Igreja alegre e feliz em viver a sua fé e a proclamá-la”, disse o arcebispo.
“Em nossas comunidades, encontramos católicos e católicos em potencial, pessoas que seguem religiões populares e sincretistas, bem como diversas opiniões políticas”, informou ele. “A Igreja acolhe essas pessoas como uma mãe e as guia no caminho em direção a Jesus Cristo, príncipe da paz e mestre da verdade.
O arcebispo disse que a Igreja Católica em Cuba sofre de uma grave carência de sacerdotes; na época em que ele concedeu a entrevista, o país tinha cerca de 11 milhões de habitantes, porém contava com aproximadamente 340 padres apenas.
“É claro que o trabalho é grande, e que os trabalhadores são poucos”, disse. “No entanto, a sede de Deus continua a crescer”.
O religioso disse também que, desde a década de 1980, quando o governo começou a permitir que agentes pastorais católicos visitassem os prisioneiros, o ministério prisional da Igreja cresceu enormemente.
Durante a vista ad limina dos bispos a Roma em 2008, ele falou ao Papa Bento: “Em Cuba, neste momento, fala-se em mudanças, o que o povo e a Igreja saúda com esperanças”.
“Pedimos à Virgem da Caridade para que estas mudanças fizessem de Cuba uma terra mais fraterna e de paz, orientada pelos princípios do bem comum, da subsidiariedade, participação e solidariedade e pelos valores fundamentais de verdade, caridade, justiça e liberdade”, falou.
Nascido em Camaguey em 1948, Dom Juan Garcia Rodriguez foi ordenado em sua arquidiocese natal em 1972 tendo atuado em várias paróquias aí. Foi também o fundador e diretor de uma escola de missionários na arquidiocese.
Nomeado bispo auxiliar de Camaguey em 1997, foi elevado a arcebispo em 2002. Serviu como presidente da Conferência dos Bispos Católicos de Cuba e representou o país no encontro dos bispos latino-americanos e caribenhos em Aparecida-SP, em 2007.
Dom Jaime Ortega Alamino era arcebispo de Havana desde 1981, período que viu aberturas sob o governo comunista. Ele recebeu Bento XVI, João Paulo II e Francisco em suas visitas a Cuba. Sob a sua liderança, a Igreja trabalhou silenciosamente para fornecer serviços sociais aos cubanos afetados pelo embargo econômico americano a eles imposto por mais de 50 anos. Ele ajudou também nas tratativas que levaram os dois países a reatarem relações diplomáticas.
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Papa nomeia novo Arcebispo de Havana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU