Cristovam e o cinismo nacional

Mais Lidos

  • “Não podemos fazer nada”: IA permite colar em provas universitárias com uma facilidade sem precedente

    LER MAIS
  • São José de Nazaré, sua disponibilidade nos inspira! Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Promoção da plena credibilidade do anúncio do evangelho depende da santidade pessoal e do engajamento moral, afirma religiosa togolesa

    Conversão, santidade e vivência dos conselhos evangélicos são antídotos para enfrentar o flagelo dos abusos na Igreja. Entrevista especial com Mary Lembo

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

26 Abril 2016

O senador Cristovam Buarque, e muitos de seus pares, declarou à Folha que votará pela admissibilidade do impeachment, mas não pelo mérito – que será votado na época apropriada.

Trata-se do voto do cinismo, muito presente na vida nacional.

Equivale ao sequestrador que imobiliza a vítima para que o parceiro atire. E, depois, proclame em voz alta seu respeito à vida.

O comentário é de Luis Nassif, jornalista, publicado por Jornal GGN, 25-04-2016.

A alegação de Cristovam é um primor do gênero. Não há tema mais discutido, debulhado, trocado em miúdos do que o processo do impeachment. Mas o que diz nosso douto senador:

“Não podemos ignorar que a Câmara deu autorização ao Senado para abrir o processo com 367 assinaturas, mas temos que analisar a fundo o mérito da questão para decidir se ela cometeu ou não crime de responsabilidade.”

A aceitação do julgamento pelo Senado criará o fato consumado. Automaticamente a presidente será afastada por 180 dias. Entrará um novo presidente, que reorganizará o Ministério e a máquina, ocupará todos os cargos e iniciará um novo governo.

A possibilidade da volta da presidente deposta é nula. Será acenada eventualmente como instrumento de barganha, caso o novo governo não atenda demandas de um ou outro senador. Como será um governo em que o conceito de coalizão será exercido de forma plena, não há possibilidade de que Dilma volte.

Portanto, todos os senadores que votarem pela admissibilidade do julgamento estarão dando seu voto final. E não haverá mágica – como a pretendida por Cristovam – que possa iludir seus eleitores. Se os eleitores forem a favor do impeachment, o senador garante a reeleição. Se sua base for difusa – como é o caso de Romário e Cristovam entre outros – dança.

Votando pela admissibilidade estarão todos ao lado dos Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que recusarem-se a votar o mérito da questão, marcados a ferro e fogo como parceiros do golpe.

Quando começarem os abusos, não adiantarão discursos emotivos em favor da democracia.