19 Abril 2016
Raquel Muniz votou “sim, sim, sim” a favor do impeachment de Dilma e deu como exemplo de gestão o marido na prefeitura de uma cidade mineira, detido horas depois.
A reportagem é de Hugo Torres, publicada por Público, 18-04-2016.
O prefeito (presidente da câmara) de Montes Claros, uma cidade no Norte de Minas Gerais, conseguiu a façanha de ver o seu nome nas mídias nacionais do Brasil por duas vezes em menos de um dia. Neste domingo, Ruy Muniz foi citado no Congresso pela mulher, a deputada federal Raquel Muniz, como exemplo da gestão da coisa pública. Passada a noite, a Polícia Federal bateu-lhe à porta logo pela manhã para o deter por suspeitas de corrupção.
As autoridades brasileiras crêem que Ruy Muniz favoreceu um hospital privado de Montes Claros detido pelo próprio e gerido pelo grupo econÔmico da família – o Hospital das Clínicas Mario Ribeiro da Silveira –, prejudicando os hospitais públicos da cidade mineira. O político – que, tal como a mulher, representa o PSD (centro-direita) – ficou em prisão preventiva.
A Operação Máscara da Sanidade II – Sabotadores da Saúde visa ainda a secretária municipal de Saúde, Ana Paula Nascimento. Estão a ser investigados crimes de “falsidade ideológica”, dispensa indevida de licitação pública, “estelionato majorado”, prevaricação e peculato. “Se condenados, as penas máximas aplicadas aos crimes ultrapassam 30 anos”, aclara o portal Terra.
Instado a pronunciar-se pela imprensa, o executivo de Ruy Muniz fez saber em comunicado que o prefeito se mantém no cargo e que “tem plena convicção de que a decisão absurda será revertida com a maior brevidade possível, por entender que a Justiça Federal foi induzida ao erro ao receber informações que não se harmonizam com a verdade”, cita o G1 do Globo.
“Sim! Sim! Sim!”
Raquel Muniz, mulher do prefeito, protagonizou neste domingo uma das declarações de voto mais caricatas da sessão parlamentar que autorizou a abertura do processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff. A deputada federal, uma das 367 que votaram favoravelmente, terminou aos pulinhos, de bandeira na mão, a gritar: “Sim! Sim! Sim!”.
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Antes desse momento, teve oportunidade de dizer: "O meu voto é para dizer que o Brasil tem jeito e o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com a sua gestão". Depois, fez como muitos outros deputados e desfiou o nome de familiares ao microfone: “O meu voto é por Tiago, por David, Gabriel, Mateus, minha neta, Júlia, minha mãe, Elza”.
“Meu voto é pelo Norte de Minas, por Montes Claros, por Minas Gerais. É pelo Brasil”, exclamou. Saiu vitoriosa. De manhã, tinha à sua porta em Brasília, onde o marido se encontrava, a Polícia Federal. Desde então, apesar dos contatos dos jornalistas brasileiros, não prestou qualquer declaração.
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A deputada brasileira que votou contra a corrupção e acordou com a polícia à porta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU