18 Abril 2016
"Apesar da presença das autoridades, das instituições, das organizações não governamentais, a população local, as pessoas simples demonstraram uma fraternidade, uma humanidade nunca antes vista por estas regiões." São palavras do padre Leone Kiskinis, único sacerdote católico na ilha de Lesbos e também de Chios. Em Mitelene, Lesbos, o padre Kiskinis é pároco da igreja Santa Maria Assunta, fundada em 1843 pelos Frades Menores, mas depois abandonada em 1973.
A reportagem é de Luis Badilla, publicada no sítio Il Sismografo, 15-04-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em 2010, os poucos católicos de Lesbos encontraram o apoio do episcopado católico grego e também o dinheiro para reabrir a igreja depois de alguns trabalhos de restauro. Agora, Santa Maria Assunta é o ponto de encontro de uma centena de católicos que são atendidos pelo padre Kiskinis, que faz a ponte com a ilha de Chios, para ajudar outra pequena comunidade católica (cerca de 450 fiéis).
Chios é uma diocese sufragânea da arquidiocese de Naxos, Andros, Tinos e Mykonos e, sob a sua jurisdição, está Lesbos. Atualmente, é sede vacante (desde 1939) [1]. O seu administrador apostólico é Dom Nikólaos Printezis, desde o dia 29 de abril de 1993, e a sua sede é a Catedral de São Nicolau.
A sua jurisdição se estende sobre os fiéis católicos de rito latino das ilhas gregas de Lemnos, Lesbos, Chios, Samos e Ikaria. Nos 4.116 quilômetros quadrados de superfície, há três paróquias: a catedral e duas igrejas, ambas dedicados a Maria Assunta, nas ilhas de Samos e Lesbos.
Chios, originalmente, era sufragânea da arquidiocese de Rhodes. No dia 9 de março de 1222, começou a fazer parte da província eclesiástica da arquidiocese de Mitilene, mas depois voltou a ser sufragânea da Rhodes. Em 1642, começou a fazer parte da província eclesiástica da arquidiocese de Naxos.
É na ilha de Chios que as relações entre católicos e ortodoxos estiveram entre as melhores de todo o Oriente, e não estão documentados episódios de hostilidade manifesta contra os católicos. Os jesuítas, instalados na ilha a partir de 1590, não tinham dificuldade para pregar nas igrejas ortodoxas, e os bispos latinos não raramente oficiavam nos mosteiros gregos. Essa colaboração durou até por volta do fim do século XVII.
Em 1668, na ilha de Chios, havia 6.000 católicos dos 40 mil habitantes. Os turcos, força ocupante, requisitaram a catedral de Santa Maria. Em 1754, os habitantes da ilha eram 60.000, dos quais 3.500 eram católicos. No dia 30 de março de 1930, Chios cedeu a ilha de Patmos à arquidiocese de Rhodes, enquanto, no dia 20 de agosto de 1931, com o breve Catholico quae, o Papa Pio XI incorporou a ilha de Lesbos, que até então tinha pertencido à arquidiocese de Esmirna.
O pároco de Lesbos
O padre Leone Kiskinis, aos microfones da Rádio Vaticano, contou há poucos dias: "A cidadania de Lesbos não fechou as portas, não fechou os corações, não criou fronteiras ou barreiras, mas acolheu essas pessoas na esperança de que possam receber um calor e uma acolhida na Europa, nesta Europa que é justamente a pátria dos direitos humanos. Portanto, na minha opinião, essas pessoas que chegam das costas turcas em busca de um futuro melhor devem experimentar essa acolhida da Europa dos direitos humanos".
Sobre a visita do papa no sábado, o padre Kiskinis observa: "É uma viagem de testemunho a todo o mundo de que os migrantes, antes de serem um número a ser contado em um campo de refugiados, são pessoas, têm uma história, têm sonhos, têm um nome. Portanto, é preciso tratá-los com dignidade, como pessoas humanas. Desde sempre, o papa, desde que subiu ao sólio pontifício, deu esses sinais de proximidade àqueles que estão marginalizados, que estão desprovidos de dignidade. Não podemos esquecer a sua primeira viagem a Lampedusa, justamente para estar perto dos refugiados que vinham da África. Ele está fazendo o mesmo agora, aqui em Lesbos. (...)
"Acredito que, para resolver esse problema da crise migratória, não se deve trabalhar sozinho, mas é preciso colaborar, é preciso trabalhar juntos, em comum. Não apenas os governos das nações europeias, mas também as Igrejas – a Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa, o Patriarcado Ecumênico, a Igreja Ortodoxa da Grécia: colaborar e dar um testemunho de unidade na crise migratória. Nós estamos aqui como cristãos, sem fazer distinção de raça, de cultura, de língua, de religião, para dar um pouco de alívio para essas pessoas e também para sensibilizar a comunidade europeia, os governos, de que é preciso trabalhar 'juntos', 'em comum', não separadamente, cada um por conta própria. Não é construindo fronteiras e barreiras que poderão ser impedidas essas pessoas que escapam da guerra e não têm uma alternativa, senão a de chegar à Europa esperando em um futuro melhor. Nesse sentido, há um grande caráter ecumênico cristão nesta viagem do papa. (...)
"Eu fiquei surpreso, realmente não acreditava, porque sou um pároco e não estava pronto para uma possível visita do papa. É verdade que a Igreja Católica local é uma pequena comunidade, e talvez também por isso eu sou o único pároco da ilha. Há apenas uma igreja católica nesta ilha. Porém, é uma comunidade composta por fiéis muito comprometidos na acolhida dessas pessoas, porque a nossa fé não é abstrata, é concreta."
Sobre as mudanças na ilha, em particular no campo de refugiados de Moria, depois do acordo entre a União Europeia e a Turquia, que viram uma espécie de militarização, o padre Kiskinis enfatiza: "A atitude de fraternidade, de proximidade não mudou. No entanto, há alguns meses, havia pessoas tentando salvar essas pessoas que chegam aqui nos barcos, a partir das costas turcas. Agora, quem faz isso é a Frontex ou a guarda costeira turca. Isto é, as pessoas se sentem menos envolvidas, se eu posso usar essa expressão, à sua ajuda. Não é que elas não ajudem, mas ajudam menos. Mas a relação entre os habitantes da ilha e os migrantes não mudou. Porém, há sempre uma solidariedade que é prestada em menor grau em comparação com alguns meses atrás. Porque agora há os barcos da Frontex, da OTAN, que acolhem essas pessoas e depois as trazem para o porto de Mitilene, para, depois, serem distribuídas ao campo de Moria."
Nota:
1. A diocese de Chios, de 1939 até hoje:
- Nicolas Charikiopoulos (Harikoupoulos) (03-01-1917 – 01-07-1939, falecido)
- Alessandro Guidati (1939-1947) (administrador apostólico)
- Giovanni Battista Filippucci (1947-1959) (administrador apostólico)
- Rocco Dellatolla (1959-1961) (administrador apostólico)
- Ioánnis Perrís (1961-1993) (administrador apostólico)
- Nikólaos Printezis, desde o dia 29 de abril de 1993 (administrador apostólico)
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A única paróquia católica em Lesbos, Santa Maria Assunta, e o único pároco, Leone Kiskinis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU