08 Janeiro 2016
"Na verdade, o papa não quer que enormes multidões venham a Roma para o Jubileu. Ele deseja que as pessoas celebrem o evento durante o ano em suas dioceses locais, sendo o primeiro papa a incentivar cada uma das dioceses ao redor do mundo a ter a sua própria Porta Santa. E não só nas catedrais, mas também envolvendo todos os santuários significativos e mesmo as capelas nas prisões", escreve Robert Mickens, editor-chefe do Global Pulse, em artigo publicado por National Catholic Reporter, 04-01-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Eis o artigo.
De acordo com certos relatos, o Ano do Nosso Senhor, 2016, se inicia com lentidão no Vaticano. O motivo? O Papa Francisco não mais está atraindo multidões maciças tão evidentes nos dois primeiros anos de seu pontificado.
Os números sugerem que muito menos peregrinos estão vindo a Roma para rezar nos túmulos dos apóstolos – ou nas sepulturas daqueles papas santos ou nem tanto – que se encontram em várias igrejas, criptas e catacumbas em toda a Cidade Eterna.
Mas mais preocupante ainda é que estes peregrinos, e todos os demais tipos de turistas, não estão mais rumando à Praça de São Pedro em números recordes para ver o papa reinante.
Isso levou alguns escribas a declarar que o Ano Santo da Misericórdia, a que Francisco deu início em 8 de dezembro passado e que irá findar no final do próximo mês de novembro, está condenado a ser um fiasco colossal.
Sem multidões, sem festa.
Os católicos que vêm resistindo à “revolução de ternura e misericórdia” do pontífice jesuíta devem estar sorridentes. Eles estiveram aterrorizados com que a sua intenção fosse a de usar o Jubileu para desencadear uma onda de misericórdia e perdão de Deus, até mesmo ao ponto de autorizar que fiéis divorciados e recasados voltem a receber os sacramentos.
Deus me livre. Isso não vai acontecer.
O maior pesadelo dessas pessoas é que este papa herege incerto, que sequer obteve um título de doutor em Teologia, possa estar tentado a conformar a doutrina da Igreja ao “espírito do mundo” e acabe vendendo uma “graça barata”.
Isso não é exagero.
Há inclusive bispos – alguns dos quais membros do Colégio Cardinalício – que empregam exatamente estes termos. Mas o maior medo deles é que o Francisco doutrinariamente empobrecido possa ser levado inaugurar – segurem seus rosários! – a “protestantização” da Igreja Católica.
É incrível que 50 anos depois do Concílio Vaticano II (1962-1965) ainda existem católicos que continuam a olhar com um tal desprezo os seus irmãos e irmãs que pertencem às igrejas e comunidades da Reforma. O mais horripilante é que vários deles encontram-se confortavelmente abrigados no Vaticano ou estão empregados na Cúria Romana.
Mas isso não importa.
A “revolução” do Papa Francisco está bem encaminhada e vem ganhando força. Mesmo se muitos milhões de peregrinos não vierem a Roma durante o Ano Santo, esse fenômeno não pode ser travado.
Na verdade, o papa não quer que enormes multidões venham a Roma para o Jubileu. Ele deseja que as pessoas celebrem o evento durante o ano em suas dioceses locais, sendo o primeiro papa a incentivar cada uma das dioceses ao redor do mundo a ter a sua própria Porta Santa. E não só nas catedrais, mas também envolvendo todos os santuários significativos e mesmo as capelas nas prisões.
Dessa forma, qualquer fracasso em torno do Jubileu terá uma consequência mínima, mesmo se ele trazer um pouco de schadenfreude aos que têm estado mornos ou mesmo feito oposição à forma como este pontificado vem se desenrolando.
Eles, na realidade, sabem disso.
E temem que esse venha a ser o único consolo que possam ter. Estão aterrorizados com o que Francisco dirá (especialmente a respeito dos católicos divorciado e novamente casados) em sua exortação apostólica pós-sinodal grandemente esperada (ou temida) sobre a família.
Mas não só isso. Eles estão de fato preocupados com que a exortação não venha a ser o único documento propondo uma maior misericórdia a ser publicado por ele, o papa, neste Ano Santo.
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O ano novo santo do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU