14 Dezembro 2015
Há três anos, no dia 12 de setembro de 2012, Bento XVI abria a sua conta no Twitter, @Pontifex. Um gesto inédito, sinal de grande atenção às redes sociais como lugares para compartilhar a própria experiência de vida e de fé.
A reportagem é do sítio da Radio Vaticana, 11-12-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hoje, a conta pontifícia, com o Papa Francisco, superou os 25 milhões de seguidores. Os seus tuítes são publicados em nove línguas: do árabe ao latim, do italiano ao inglês, alcançando potencialmente todos os habitantes da rede.
Sobre a importância da presença do papa nas redes sociais e o papel que elas podem desempenhar no Jubileu da Misericórdia, Alessandro Gisotti entrevistou o padre Antonio Spadaro, diretor da revista La Civiltà Cattolica, que acaba de publicar pela Emi o livro Quando la fede si fa social.
"A primeira reflexão é que o Papa Francisco é um papa 'tátil', um papa físico, que gosta de acariciar, que gosta de abraçar. De algum modo, justamente essa dimensão física do papa remete a um amplo compartilhamento digital. Não existe, portanto, uma fratura entre o físico e o digital. Justamente a sua atenção à pessoa individual, ao humano, à gestualidade requer e estimula um compartilhamento digital."
Eis a entrevista.
Vinte e cinco milhões de seguidores – que estão sempre em crescimento –, um número realmente consistente, em alguns aspectos extraordinário, de retuítes nos falam também de uma capacidade de inserção em um mundo que poderia não ser considerado, em um primeiro momento, afim, imediatamente afim, ao da Igreja.
Na realidade, há uma grande necessidade de sabedoria, há uma grande necessidade de reflexão, e a reflexão hoje deve ser necessariamente pontiaguda, ou seja, pequena, breve, mas capaz de entrar fundo. E às vezes basta o espaço de um tuíte, de um tuíte bem escrito, e o papa fala em geral com frases bastante curtas e afiadas. O espaço, portanto, de um tuíte é não só suficiente, mas justamente apropriado para ajudar as pessoas, dentro de uma vida frenética, a refletir, a pensar. O papa também é capaz de discursos extremamente amplos e complexos. Basta ver, ler as coisas que ele escreveu antes de se tornar pontífice, até mesmo antes de ser arcebispo.
Na realidade, porém, ele se deu conta de que a sabedoria do Evangelho passa por mensagens simples e por mensagens breves, isto é, capazes de estimular uma reflexão pontiaguda, como eu dizia antes. Portanto, esses tuítes tocam muito. Certamente, 25 milhões de seguidores são um número muito grande, que impressiona. Mas o dado que deveria refletir mais é a vontade de compartilhar as palavras do papa. E nisso – eu devo dizer – ele é um líder mundial, isto é, as coisas que o papa diz são retransmitidas, são compartilhadas dentro das redes sociais, que, depois, são muitas vezes redes de amizade. Não só as palavras do papa: vemos que há um grande compartilhamento de imagens, portanto, dos gestos que o papa faz. Esse mundo de compartilhamento digital entrou poderosamente na Igreja e tem um significado muito bonito.
Exatamente há 20 anos, por vontade de São João Paulo II, nascia o Vatican.va, e o Vaticano entrava na internet, até mesmo antes de muitas instituições italianas. Estamos agora aprofundando o raciocínio sobre o Twitter e, portanto, sobre o Papa Bento XVI e o Papa Francisco. Que exemplo e também que solicitação os fiéis podem obter a partir dessa coragem profética dos papas em relação às novas tecnologias?
Certamente, uma reflexão a ser feita diz respeito ao motivo pelo qual a Igreja está na rede. A missão da Igreja, a vocação também da Igreja, se quisermos, é a de estar ficar onde as pessoas estão. E hoje as pessoas estão também na rede. Portanto, a Igreja deve, por missão, estar na rede. Essa é a reflexão que me parece mais interessante: isto é, ser encarnados. Também somos encarnados entrando na rede, porque a rede não é um lugar frio, tecnológico, gelado, como alguns imaginam, feito de cabos, computadores e máquinas. Não, na realidade, é um lugar muito quente, onde as pessoas hoje expressam necessidades, desejos, até mesmo religiosos.
Uma das suas últimas publicações se intitula Quando la fede si fa social. Este Jubileu da Misericórdia, no fundo, também é o primeiro Ano Santo da era do social. O que as redes sociais podem dar, que contribuição podem oferecer para essa experiência do Jubileu da Misericórdia?
O desafio, hoje, neste Jubileu em particular, não é o de usar a rede para difundir uma mensagem como se fosse, de algum modo, um instrumento. A rede não é um instrumento: é um ambiente, um ambiente de vida, no qual é possível compartilhar a própria experiência. Portanto, o que me parece importante neste Jubileu, por exemplo, é compartilhar experiências de misericórdia, compartilhar a palavra-chave na rede. Justamente, a fé se faz social porque é capaz de dar um testemunho, de produzir um testemunho, e hoje um testemunho se compartilha, e também se compartilha nas redes sociais.
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Viver o Jubileu também nas redes sociais digitais. Entrevista com Antonio Spadaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU