30 Outubro 2015
A sabotagem havia sido planejada com cuidado e em silêncio também desta vez. O papa queria unanimidade sobre o documento final do Sínodo dos bispos, e, no ar, parecia que esse resultado chegaria na contagem final. Mas, em vez disso, já tinha sido posto em prática o mesmo roteiro da assembleia sinodal de 2014, em que não havia sido alcançada a maioria qualificada sobre os três parágrafos mais importantes do documento final: os dois dedicados aos divorciados recasados e o sobre os gays.
A reportagem é de Francesco Antonio Grana, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 28-10-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os opositores de Bergoglio estavam prontos para fazer o bis. Declarações entusiasmadas, mas "drogadas", dos conservadores às vésperas da corrida final tinham dado a impressão de que o consenso sobre o texto final seria muito amplo. No entanto, quando se tratou de afundar com os "non placet" os três parágrafos sobre o acesso à comunhão para os divorciados recasados caso a caso, 80 Padres sinodais se manifestaram contra o papa.
Um pequeno consolo do L'Osservatore Romano, que se apressou, com calculadora em mãos, a enfatizar que "os 94 pontos do Relatório final do Sínodo dos bispos ao Santo Padre Francisco foram votados quase por unanimidade pelos Padres reunidos na 18ª e última congregação".
O jornal do papa também afirmou: "Na Aula nova do Sínodo, estavam presentes 265 Padres, e, consequentemente, a maioria qualificada de dois terços estava fixada em 177 preferências. A compacidade dos votos foi notável: 87% dos parágrafos tiveram o consenso de mais de 90% dos votantes".
Mas sobre o nó principal, o dos divorciados recasados, a "compacidade" faltou.
Do Sínodo dos bispos, sai um vencedor incontestável: o papa. E, certamente, o novo método de debate desejado por Bergoglio e implementado pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, contestado por 13 purpurado, também contribuiu muito para obter esse sucesso final.
O que aconteceria se as aberturas para os divorciados recasados não tivessem sido aprovadas? O pontificado de Bergoglio – certamente notaria algum observador atento – perderia a sua confiança. As suas reformas dentro e fora da Cúria Romana estariam fortemente minadas. A própria credibilidade da Igreja Católica, uma "Igreja em saída, com as portas abertas, acidentada", uma Igreja onde "os divorciados recasados não estão, de fato, excomungados e nunca devem ser tratados como tais" teria sido duramente posta à prova.
Os opositores estão conscientes disso? Estão conscientes disso aqueles cardeais e aqueles bispos que, no fim do Sínodo, continuam defendendo com a mídia e com o seu clero e os seus fiéis que não houve nenhuma abertura para o acesso à comunhão dos divorciados recasados?
No seu discurso final, o papa havia sido claro: "O primeiro dever da Igreja não é o de distribuir condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor".
Mas Bergoglio não deixou de apontar também os "métodos não totalmente benévolos" que animaram os trabalhos do Sínodo: da "saída do armário" do Mons. Krzystof Charamsa à infundada notícia de um tumor benigno no cérebro do papa, além da carta dos 13 cardeais sobre o método dos trabalhos sinodais.
"Indevidas pressões midiáticas", para usar a expressão do padre Federico Lombardi, com "a intenção manipulatória da poeirama levantada", para usar agora a imagem escolhida pelo L'Osservatore Romano.
Mas os inimigos de Bergoglio mais uma vez ficaram de jejum. Até quando?
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Papa Francisco, vencedor incontestável do Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU