23 Outubro 2015
O grupo de trabalho de prelados falantes do idioma alemão no Sínodo dos Bispos em curso apresentou uma proposta em que certos católicos divorciados e recasados possam participar da Sagrada Comunhão na Igreja.
Os prelados apresentaram a sugestão na quarta-feira (21 de out.) com a divulgação do relatório de seu grupo de discussão no Sínodo.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada por National Catholic Reporter, 22-1-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
No texto, os bispos sugerem que a Igreja possa usar o chamado “foro interno” para autorizar algumas pessoas recasadas a participarem da Eucaristia numa base individual, caso a caso, após buscar orientação, aconselhamento e, então, permissão dos sacerdotes ou bispos.
O grupo falante de alemão, que notavelmente inclui um leque diverso de intelectuais, afirma que os integrantes estão apresentando a sua proposta de forma unânime.
Entre os que participam do grupo estão os cardeais alemães Walter Kasper, quem originalmente propôs a ideia de um “caminho penitencial” aos divorciados e recasados; e Gerhard Müller, presidente da Congregação para a Doutrina da Fé – CDF, conhecido por ter se oposto anteriormente a esta ideia.
Na coordenação do grupo estão o cardeal australiano Christoph Schönborn e o arcebispo alemão Heiner Koch.
A seguir, apresentamos uma tradução dos trechos relevantes presentes no relatório do grupo. O texto original, em alemão, encontra-se disponível no sítio do Vaticano.
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É fato amplamente conhecido que, nas duas sessões do Sínodo Episcopal, houve uma disputa intensa a respeito de se – e até que ponto – os fiéis divorciados e recasados desejosos de participar na vida da Igreja podem receber os Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia sob certas condições.
Os debates mostraram que inexistem soluções simples ou gerais. Nós, os bispos, vivenciamos as tensões relacionadas com esta questão tanto quanto muitos dos nossos fiéis, cujas preocupações e esperanças, conselhos e expectativas nos acompanharam ao longo de todas as nossas consultas.
Os debates claramente mostraram que certos esclarecimentos e um estudo em profundidade eram necessários no intuito de um maior aprofundamento na complexidade destas questões à luz do Evangelho, do ensino católico e com o dom do discernimento.
Podemos, é claro, nomear certos critérios que ajudam a fazer uma diferenciação. O Papa São João Paulo II afirma o primeiro critério em [sua encíclica de 1981] Familiaris Consortio, parágrafo 84:
Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações. Há, na realidade, diferença entre aqueles que sinceramente se esforçam por salvar o primeiro matrimônio e foram injustamente abandonados e aqueles que por sua grave culpa destruíram um matrimônio canonicamente válido. Há ainda aqueles que contraíram uma segunda união em vista da educação dos filhos, e, às vezes, estão subjetivamente certos em consciência de que o precedente matrimônio irreparavelmente destruído nunca tinha sido válido.
Uma das tarefas do pastor é, portanto, acompanhar a pessoa preocupada no caminho em direção a esta diferenciação. Ao assim proceder, será útil proceder juntos em um exame honesto de consciência e dar passos de reflexão e arrependimento.
Dessa forma, os fiéis divorciados e recasados deveriam se perguntar como eles trataram os seus filhos durante a crise matrimonial. Houve tentativas de reconciliação? Qual a situação do parceiro abandonado? Que consequências a nova união trouxe no que diz respeito à família estendida e a comunidade de fé? Que exemplo esta situação dá aos membros mais jovens que estão considerando o matrimônio?
Uma reflexão honesta pode fortalecer a confiança na misericórdia divina, a qual não é negada a ninguém que traga o seu fracasso e a sua necessidade diante de Deus.
Em vista da situação objetiva nas conversas com o confessor, um tal caminho de reflexão e arrependimento pode, no foro interior, contribuir no sentido da formação de consciência e do esclarecimento sobre se a admissão aos Sacramentos é possível.
Segundo as palavras de São Paulo, as quais se aplicam a todos os que se aproximam da mesa do Senhor, todos devem examinar a si mesmos:
“Portanto, cada um examine a si mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação” (Coríntios 11, 28-31).
Assim como com os procedimentos para as duas primeiras partes do Instrumentum Laboris, os procedimentos da terceira parte foram desenvolvidos num bom espírito sinodal e aprovados por unanimidade.
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Sínodo: Texto da proposta alemã para Comunhão aos recasados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU