17 Agosto 2015
Rudá Guedes Ricci
Em março, a Folha registrava 2 milhões de manifestantes nas ruas. A manchete de hoje dá conta de 750 mil nos atos de ontem. Não dá para enganar: nítido refluxo. Mas o pior foi Belo Horizonte: 6 mil na terra do senador mineiro que veio à capital mineira só para ser empossado simbolicamente como Presidente da República na reserva. O fiasco foi comentado por todos jornalistas que faziam cobertura do evento.
O que teria acontecido?
Em primeiro lugar, uma incapacidade já percebida das oposições em realizar diagnósticos da conjuntura com velocidade e frieza. Parecem contaminados por uma lógica normativa, estática, em que o desejo parece se constituir num imperativo mágico.
Em segundo lugar, a guinada de vários órgãos da grande imprensa e do alto empresariado, no acordo selado com a cúpula nacional do PMDB. Este acordo teria envolvido a direção tucana paulista, tendo Serra como mais próximo de Michel Temer e Alckmin estabelecendo roteiros para se alçar à campanha de 2018.
Finalmente, o despreparo político de Aécio Neves para liderar uma articulação nacional. Já havia sinais que não conseguiu liderar e unificar os tucanos e aliados em Minas Gerais, o que teria provocado a derrota eleitoral nos municípios, em 2008, e algo ainda mais profundo nas eleições do ano passado. O senador mineiro não parece talhado para assumir papel de articulador de forças políticas, muito menos para criar ações ofensivas nacionais. Oscila entre a omissão e o ímpeto momentâneo de ocupação de espaços na arena política, mas não parece guiado para acumular forças ou encadear eventos. Sua ação é pontual, efêmera e errática, alterando pautas e agendas e até mesmo deslocamentos que se perdem no tempo.
Enfim, as manifestações de ontem podem se constituir não num trunfo do governo federal, mas numa desorientação - e até motivação para luta interna - das forças oposicionistas. O PSDB é um símbolo oposicionista, mas não uma força real nesta direção.´
Ricardo Timm de Souza compartilhou a foto de Sergio Zambrozuski
Quem pensou que já tinha visto tudo... ERROU!!!
(pensei onde poderia postar isso, que não tem nada a ver com Realpolitik, mas com debilidade mental. Então, lembrei que os membros desse grupo têm estômago resistente).
Erick Felinto
Eu sempre pensei que o Brasil era um país de gente ignorante, bronca, sem noção. Todavia, nada me preparou para o que estamos testemunhando todos os dias nesses últimos meses. Não é só burrice e estupidez, que, sem dúvida alguma, são astronômicas. É mau caratismo, é cafajestice, é falta de qualquer noção de civilidade e ética. E que fique claro: não estou falando de protestar contra Dilma ou o PT, o que é inteiramente válido....
Valdeci Raimundo Raimundo
Sabe, hoje na passeata em Curitiba não bateram panela e nem gritaram fora Beto Richa por dois motivos:
1) O movimento é organizado pelo PSDB e sua base de apoio.
2) A maioria não tem os filhos em escola pública.
Maurício Abdalla
Fiquei confuso quando vi postagens dizendo que praticamente não havia negros nas manifestações deste domingo. Afinal, cor da pele não define ideologia política. Mas, no Brasil, a cor marca um recorte de classe. Se as manifestações eram políticas, o espectro de cor do Brasil deveria estar representado. Se não estava, isso revela um recorte classista, mais do que ideológico.
Então fui procurar negros nas fotos das manifestações dos grandes jornais e da internet.
Olhei, olhei, olhei e... achei!
No vídeo abaixo (clique no link) podemos ver 3 negros: um fotógrafo, um policial e o gari que estava sendo expulso do ato.
http://globotv.globo.com/…/homem-e-hostilizado-em-…/4397502/
Já na foto de Felipe Amarelo (primeira foto), dá para ver um negro logo em primeiro plano, vendendo refri.
Na outra foto, tirada do portal UOL, achei dois negros e marquei com setas. Pode ter mais, mas foi difícil ver.
Muda Mais @MudaMais
Vergonha alheia #carnavalcoxinha
Hélio Sassen Paz
Passar o dia zapeando entre GloboNews, RBS TV, TVCOM, Gaúcha, Band, Record, SBT, CBN e acreditar piamente na honestidade de propósito e no volume do #CarnaCoxinha é um "Adeus, Lênin" às avessas.
Triste. Muito, muito triste mesmo...
Pablo Ortellado
Se tem alguém que merece reconhecimento por tudo isso é o Olavo de Carvalho. Ele pregou no deserto durante anos e é, de certa forma, o pai espiritual de muitos dos grupos que lideram os protestos. A esquerda teria duas ou três coisas a aprender com ele.]
Rudá Guedes Ricci
Rubem Ur Rocha, por qual motivo você está tentando inflar o que já está estampado em todos os dados oficiais? As manifestações de hoje fracassaram. Em BH, somente 6 mil. Na terra do senador!! Não deu, uai.
Rudá Guedes Ricci
EM BH, MANIFESTAÇÃO FOI PÍFIA
Há exatos 60 minutos, passei pela Praça da Liberdade. O comando da PM me disse, ao lado do Eduardo Costa ( Rádio Itatiaia ,que me entrevistou ao vivo) que eram 4 mil manifestantes. Só brancos, muitos loiros, classe média.
A avaliação era de que seria a menor manifestação em BH, desde a onda iniciada em 2013.
Na chegada de Aécio, teve até Hino Nacional. Mas, não deu. O senador mineiro não conseguiu emplacar, mais uma vez, na capital de seu Estado.
Orango Quango
Conforme previsto, este país virou um loop infinito do Batman no Leblon.
Christian Fischgold
Parece que a repórter da Globo foi expulsa da manifestação no RJ aos gritos de "GLOBO GOVERNISTA" -
ahahahaahahajahahah
Falta pouco para entoarem o grito "não vai ter golpe!", contra a direita representada pelo PTMDB, FIRJAN, FIESP, etc, e dar um nó na cabeça dos governistas.
Karen Portugal Barboza Cordeiro
Foi mesmo. Uma amigo meu acabou de chegar e viu isso. Hostilizaram a Flavia Januzzi. Não sei se mais alguém. Disse que tinha de tudo lá, mas que a Globo estava dando muito espaço a um pequeno ponto onde uns malucos pediam intervenção militar e os manifestantes estavam revoltados com a Globo estar filmando só isso
Pablo Ortellado
Sobre nosso survey hoje: Na pesquisa de abril, confirmamos nossa hipótese de que a insatisfação dos manifestantes "antigoverno" não se restringia ao governo federal, mas expressava uma descrença mais profunda e generalizada no sistema político, incluindo os partidos e os políticos, os movimentos sociais e as ONGs e a imprensa. Hoje, damos sequência a essa pesquisa, investigando hipóteses adicionais, derivadas daquela:
* Embora a descrença seja generalizada, afetando governo e oposição, a liderança dos protestos tem concentrado os ataques no governo federal e omitido outros atores políticos como o presidente da Câmara Eduardo Cunha. Será que essa estratégia da liderança está gerando uma percepção dual, que diferencia governo e oposição, na base dos mobilizados, pelo menos no tocante à corrupção?
* A literatura sociológica costuma apontar a valorização da democracia interna nos novos movimentos sociais como uma resposta à crise de legitimidade do sistema representativo. Queremos saber se entre esses manifestantes, liderados por grupos de direita, a resposta à crise de credibilidade é um aprofundamento da democracia, como nos novos movimentos sociais ou se é, ao contrário, uma negação da democracia, com apelos a soluções técnicas ou extrapolíticas, como transferir o poder para um juiz, para os militares ou para atores de fora do jogo político.
* As manifestações de 2015 são derivadas, num sentido profundo, das mobilizações de junho de 2013? Naquela ocasião, várias pesquisas de opinião mostraram que os manifestantes, além de criticarem o sistema representativo, queriam mais e melhores serviços públicos, sobretudo saúde, educação e transporte. Queremos verificar se essa demanda está presente também nos mobilizados de agosto de 2015 e como vêm que essa demanda interage com outra que pede a redução da carga tributária.
* Por fim, queremos investigar como as guerras culturais (a moralização das questões políticas) estão contaminando a crise política. Vamos testar a adesão a um conjunto de afirmações morais sobre a política envolvendo desigualdade social, imigração, legalização das drogas, relações homoafetivas e políticas étnico-raciais. Alguns elementos já haviam aparecido em pesquisas conduzidas pela professora Mara Telles em Minas e em outra pesquisa conduzida pela Fundação Perseu Abramo. Em particular, estamos curiosos para saber se abordagens punitivas são mais frequentes em temas que envolvem relações entre as classes sociais (como desigualdade, criminalidade e imigração) e se, em temas que podem envolver pessoas da mesma classe (como homofobia, direitos das mulheres e drogas), predominam abordagens mais compreensivas.
A pesquisa só está sendo possível devido à generosa colaboração de entrevistadores/pesquisadores que vieram de muitos lugares para ajudar. Vai ser interessante!
Pablo Ortellado
Uma das coisas mais notáveis de junho de 2013 é que o MPL conseguiu derrotar a imprensa. Nos oito primeiro dias de protesto o movimento foi massacrado pelos 3 jornais, pelas 4 revistas e pelas 4 TVs "nacionais". Não obstante, no dia 13 de junho, ANTES da grande violência policial, uma pesquisa do Datafolha dava dois terços de apoio da população aos manifestantes.
Esse novo movimento de protesto de 2015, liderado agora pela nova direita liberal e conservadora, vai ter que provar a que veio. Será que é capaz de se manter e prosperar a despeito do grande acordo anti-impeachment orquestrado pela indústria (FIESP, FIERJ, CNI, Amcham) e imprensa (Globo, Folha)?
Nessa semana, os grupos ultra-liberais e pró-iniciativa privada que lideram os protestos estão aprendendo que, na vida real, as empresas não gostam de dogmatismo ideológico -- mesmo o liberal -- e que gerir os negócios exige pragmatismo e bom senso.
Hélio Sassen Paz
Independentemente do fato de apenas 2% de nossos posts surgirem na timeline de nossos seguidores no Facebook de maneira quase aleatória e incontrolável definida por um algoritmo que medeia o conteúdo em função do teor de curtidas, comentários, posts e compartilhamentos de cada um, considero fundamental o papel de cada militante de esquerda.
Fazemos parte de uma rede de esclarecimento e de solidariedade que se, por um lado, é incapaz de mudar comportamentos e visões de mundo eminentemente antagônicas, ao menos funciona como uma rede de apoio: reforçamos o discurso, debatemos, informamos, corrigimos nossos erros e aprendemos dentro de uma comunidade que afirma que não estamos sós.
Grato por existir e por tê-los aqui pra evitar o desalento e a rendição às verdadeiras trevas.
#TamoJunto #NãoVaiTerGolpe
Pablo Ortellado
Depois da FIESP, da FIERJ e da Globo, agora a AmCham se manifestou. Pronto: a grande concertação do capital industrial decidiu que Dilma fica, desde que Levy esteja no controle. Instabilidade política não faz bem para os negócios.
Francisco Arlindo Alves
Pensam ser melhor uma Dilma refém do que um Cunha megalomaníaco e oportunista e cobrando caro.
André Kitagawa
Exatamente. Um detalhe curioso é que as forças oposicionistas se prezam muito pelo respeito que eles supostamente tem às instituições, ao estado democrático de direito ou algo que o valha. No sentido formal, claro. Se quiser ofende-los, chame-os de golpistas. Eles tem horror a essa palavra. Faz parecer que estamos na Venezuela. Isso é pessimo pros negócios.
Rudá Guedes Ricci
Não dá para negar que os protestos de hoje são inspirados na lógica militar. Tem manifestação agendada para 8h00 de um domingo!!!!!!