Por: André | 14 Agosto 2015
A polícia grega detém imigrantes no estádio de futebol da ilha de Kos durante mais de 24 horas, onde dezenas tiveram que ser tratados por causa de ataques de pânico e vários informaram que foram espancados pela polícia, enquanto a situação seguiu piorando.
A reportagem é publicada por Página/12, 13-08-2015. A tradução é de André Langer.
Cerca de mil homens, mulheres e crianças não receberam alimentos nem água na ilha, onde aguardavam para serem registrados pelas autoridades após chegarem de barcos procedentes da Turquia. Os médicos da organização Médicos Sem Fronteira disseram que trataram de 28 refugiados que fugiam da Síria e de outras zonas de guerra por ataques de pânico depois que a polícia usara bombas de efeito moral contra a multidão, na quarta-feira. Cerca de 20 imigrantes chegaram a desmaiar de fome, desidratação, falta de alimento e pelo esgotamento devido ao calor de 33 oC.
“O que vemos agora é um enfoque completamente desproporcional sobre a gestão da segurança desta gente que carece da assistência humanitária de que tem necessidade”, disse Vangelis Orfanoudakis, da Médicos Sem Fronteira.
“Há apenas dois banheiros e os imigrantes não têm acesso a água. Agora colocaram uma mangueira de água para todos. A situação é muito dramática”.
A polícia, que ordenou aos imigrantes irem ao estádio depois de tirá-los dos acampamentos improvisados em parques e outros espaços públicos, entregou cerca de 300 documentos de viagem durante a tarde da quarta-feira.
Uma porta-voz da Médicos Sem Fronteira confirmou que 28 migrantes receberam tratamento para os ataques de pânico, e ao menos seis haviam relatado espancamento de policiais. Um oficial de polícia foi suspenso do seu trabalho na ilha depois que supostamente dera um golpe de cassetete em um imigrante paquistanês e o ameaçara com uma faca, informou a imprensa local.
“A situação aqui é muito ruim e a polícia bateu em um menor, bateu em um homem, bateu nas crianças, é demais”, disse um refugiado sírio, Laith Saleh, que se encontra no estádio. “Nós não podemos sair”.
A agência de refugiados das Nações Unidas, a Acnur, criticou a situação em Kos e outras ilhas gregas como “caos total”, dizendo que deve oferecer alimentos e refúgio apesar da crise econômica.
Para muitos refugiados, as condições são uma grande melhoria em relação à situação que deixaram para trás. Dirar, graduado em inglês da Síria, disse que Kos não é nada em comparação com a sua cidade natal de Aleppo, que ele chamou de “pior cidade do mundo”. “Não há eletricidade, não há água, internet”, acrescentou. “Minha casa foi destruída por um foguete. Eu estou feliz por estar vivo”.
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Polícia grega detém milhares de imigrantes em estádio de futebol - Instituto Humanitas Unisinos - IHU