14 Julho 2015
Poucas horas após o acordo o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, fechar um rígido tratado de austeridade com credores europeus em troca de liquidez, o ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis criticou a decisão, alegando que o novo acordo só prolongará a crise econômica grega.
“Este país [Grécia] deve parar de estender e de fingir, temos de parar de assumir novos empréstimos, fingindo que estamos resolvendo o problema, quando não estamos”, afirmou em entrevista à revista britânica New Statement.
“Nós fizemos a nossa dívida ainda menos sustentável em uma condição que prolongou ainda mais a austeridade e afundou a economia, transferindo essa carga para os pobres e criando uma crise humanitária”, acrescentou.
A informação é publicada por Opera Mundi, 13-07-2015.
Para Varoufakis, a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) nunca negociou genuinamente com o governo grego durante seus cinco meses como ministro das Finanças.
Aos seus olhos, esse programa de austeridade falhou nos últimos cinco anos, pois colocou mais de um quarto dos gregos fora do mercado de trabalho e criou a pior depressão econômica para um país nunca mais vista desde a crise de 1929.
Nos meses em que esteve responsável pela pasta das Finanças, Varoufakis explica que tinha um plano para a economia grega, mas não recebera o apoio do chefe de Governo, que decidiu fazer "novas concessões".
Na madrugada após a vitória do “não” no referendo de oito dias atrás, Yanis Varoufakis diz que elaborou um novo plano econômico que foi rejeitado por quatro a dois em uma votação da liderança do partido de esquerda Syriza.
Como ele também não conseguiu convencer Tsipras sobre um projeto de resistência face às chantagens de credores, sua renúncia do ministério se tornou inevitável. "Aquela noite, o governo decidiu que a vontade do povo, o retumbante 'não', não era suficiente para adotar uma abordagem mais enérgica", conta o ex-ministro.
Conhecido por cultivar inimizades com sócios europeus, Varoufakis aproveitou a entrevista para criticar o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.
"É um órgão totalmente subjugado pela Alemanha. É uma orquestra dirigida pelo ministro Schäuble. O Eurogrupo não está previsto em nenhum tratado, mas tem o grande poder de determinar a vida dos europeus, de decidir sobre questões quase de vida ou morte", atacou.
“Eu confio e espero que nosso governo vá insistir na reestruturação da dívida, mas eu não consigo ver como o ministro das Finanças alemão irá um dia assinar a favor disso. Se ele fizer isso, será um milagre”.
Pagamento ao FMI
Após quase duas semanas desde que deu oficialmente calote de 1,6 bilhão de euros ao FMI, o organismo financeiro internacional anunciou nesta noite que Atenas falhou em pagar outra parcela da dívida, programada para hoje, no valor de 450 milhões de euros.
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Devemos parar de fingir que estamos resolvendo o problema, diz Varoufakis sobre novo acordo grego - Instituto Humanitas Unisinos - IHU