24 Abril 2015
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10, 11-18 que corresponde ao Quarto Domingo da Páscoa, Ciclo B, do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
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Quando entre os primeiros cristãos começaram os conflitos e dissensões entre grupos e líderes diferentes, alguém sentiu a necessidade de recordar que, na comunidade de Jesus, só Ele é o Pastor bom. Não um pastor mais, mas o autêntico, o verdadeiro, o modelo a seguir por todos.
Esta bela imagem de Jesus, Pastor bom, é uma chamada à conversão, dirigida a quem pode reivindicar o título de «pastor» na comunidade cristã. O pastor que se parece a Jesus, só pensa nas suas ovelhas, não «foge» ante os problemas, não as «abandona». Pelo contrário, está junto delas, defende-as, se interessa por elas, «expõe a Sua vida» procurando o seu bem.
Ao mesmo tempo, esta imagem é uma chamada à comunhão fraterna entre todos. O Bom Pastor «conhece» as Suas ovelhas e as ovelhas «conhecem-No» a Ele. Só desde esta proximidade estreita, desde este conhecimento mútuo e esta comunhão de corações, o Bom Pastor partilha a Sua vida com as ovelhas. Para esta comunhão e mútuo conhecimento temos de caminhar também hoje na Igreja.
Nestes momentos não fáceis para a fé, necessitamos como nunca congregar forças, procurar juntos critérios evangélicos e linhas mestras de atuação para saber em que direção tem de se caminhar de forma criativa para o futuro.
No entanto, não é isto o que está sucedendo. Fazem-se algumas chamadas convencionais para viver em comunhão, mas não estamos dando passos para criar um clima de escuta mútua e diálogo. Pelo contrário, crescem as desclassificações e dissensões entre bispos e teólogos; entre teólogos de diferentes tendências; entre movimentos e comunidades de diversas correntes; entre grupos e «blogs» de todo gênero...
Mas, talvez, o mais triste é ver como continua a crescer o distanciamento entre a hierarquia e o povo cristão. Dir-se-ia que vivem em dois mundos diferentes. Em muitos lugares os «pastores» e as «ovelhas» apenas se conhecem. A muitos bispos não lhes resulta fácil sintonizar-se com as necessidades reais dos crentes, para oferecer-lhes a orientação e o alento que necessitam. A muitos fiéis resulta-lhes difícil sentir afeto e interesse por alguns pastores a que acham afastados dos seus problemas.
Só crentes cheios do Espírito do Bom Pastor podem ajudar-nos a criar o clima de aproximação, mútua escuta, respeito recíproco e diálogo humilde que tanto necessitamos.
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