23 Fevereiro 2015
O Papa Francisco decidiu não presidir a celebração eucarística com deputados e senadores durante a quaresma. Diversamente de 2014, quando diante de 500 parlamentares italianos, do presidente do Senado e da Câmara, de 9 ministros, 19 sub-secretários, 3 euro-deputados e 23 ex-parlamentares Bergoglio havia vociferado contra os corruptos, neste ano não entrará em cena o desfilo de automóveis azuis sob a colunata de Bernini na Praça São Pedro.
No lugar de Francisco será, ao invés, o bispo auxiliar de Roma, D. Lorenzo Leuzzi, capelão da Câmara dos deputados, quem presidirá a missa quaresmal em preparação à Páscoa com os parlamentares na igreja de São Gregório Nazianzeno em Montecitorio.
A reportagem é de Francisco Antonio Grana, publicada pelo jornal il Fatto Quotidiano, 16-02-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Nenhuma explicação oficial, nem sequer aquela de uma agenda papal demasiado repleta, difícil a tornar crível com um Papa que celebra quase todos os dias às 7 da manhã na capela de sua residência de Casa Santa Marta. As hipóteses, ao invés, são tantas. Acima de todas, aquela que Francisco apreciado os comentários desiludidos dos políticos após sua homilia contra os corruptos.
Em 2014 tinha sido mais que palpável, de fato, a amargura dos parlamentares na saída da Basílica Vaticana após a missa com o Papa. Um rito, iniciado às sete da manhã, que havia constrangido deputados e senadores a levantar cedo para serem pontuais com Bergoglio que não lhes havia dignado sequer dirigir um olhar e um aperto de mão, nem antes, nem depois da celebração. Francisco se limitou, de fato, somente a saudar os presidentes do Senado e da Câmara, Pietro Grasso e Laura Boldrini, e o subsecretário à presidência do Conselho, Graziano Delrio. Nem sequer aos nove ministros presentes do governo Matteo Renzi, ausente à celebração, foi concedido o privilégio do beija-mão papal.
Mas, o que aumentou a amargura dos parlamentares tinham sido as palavras pronunciadas por Bergoglio. O Pontífice, de fato, recordou que no tempo de Jesus havia uma classe dirigente que se tinha afastado do povo, o havia abandonado, incapaz de seguir outra coisa a não ser a própria ideologia e de deslizar para a corrupção. Dominavam somente interesses de partido e lutas internas. “O coração desta gente – deste grupelho – acrescentou o Papa – com o tempo se havia endurecido tanto que era impossível ouvir a voz do Senhor. E, como pecadores, deslizaram e se tornaram corruptos. É tão difícil que um corrupto volte atrás. O pecador sim, porque o Senhor é misericordioso e nos espera todos. Mas o corrupto é fixado nas suas coisas, e estes eram corruptos”. Precisamente naquela homilia Francisco havia sublinhado, ademais, que os corruptos são “homens de boas maneiras, mas de maus hábitos”.
Palavras que foram citadas pelo novo presidente da República Sergio Matarella no seu discurso de posse.
No Vaticano se vocifera que o novo presidente da República poderia solicitar muito em breve uma audiência ao Papa Francisco que, logo após a eleição, lhe augurou estar “a serviço da unidade e da concórdia do País” e de “promover o bem comum”.
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Papa Francisco, malogro na política: nada feito com parlamentares e governo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU