12 Fevereiro 2015
Cinquenta mil policiais espalhados por toda parte, helicópteros nos espaço aéreo fechado e a rede de celulares bloqueada em toda a cidade, cães anti-bomba a farejar bolsas e mochilas, os alto-falantes que antes do encontro com os jovens explicavam como se comportar em caso de atentado (“fiquem parados, deitem no chão...”), barcos de patrulha ancorados ao longo da costa a vigiar as ruas que levaram o Papa Francisco, domingo 18 de janeiro, à missa mais lotada da história, sete milhões de fiéis de frente ao oceano.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada pelo Corriere della Sera, 10/02/2015. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
A única coisa certa, até o momento, são as medidas de segurança nos três dias e meio do Papa em Manila, particulares até para uma visita do Papa. O restante foi confiado as palavras de Getulio Napenas Jr., ex chefe da Força de Ação Especial, as forças especiais filipinas, durante uma audição no senado: “Durante a visita do Papa Francisco às Filipinas recebemos informações que a Jemaah Islamiyah, coordenada com Marwan, planejou construir uma bomba para explodir a passagem do cortejo Papal pela Kalaw Street, em Manila, em 18 de janeiro”. O grupo islâmico, ligado a Al-Qaeda, planejava um atentado para matar o Papa? O governo de Manila desmente: “Não recebemos nenhuma notificação específica neste sentido e portanto entendemos que mesmo que o risco tenha existido foi irrelevante”, falou ontem o porta-voz Edwin Lacierda. No Vaticano falam de “não saber nada”: a segurança não recebeu sinalização “nem antes nem depois da viagem”, tudo correu “com grande serenidade” e “não existiram mudanças na programação”.
O correto é que em Manila preferiu-se que Papa Francisco viajasse em um carro blindado, mas o Papa queria se aproximar dos fiéis e não quis nem saber de ficar “fechado em uma lata de sardinha”. O general Gregorio Catapang, chefe das forças armadas, definiu a gestão da segurança “um pesadelo”.
Precisamos falar, contudo, que a posição de Getulio Napenas é particular. Na função durante a visita do Papa Francisco, o chefe das forças especiais foi destituído após o “massacre de Mamasapano” em 25 de janeiro, uma blitz desastrosa realizada em uma província meridional para capturar o terrorista malaio Marwan: por meio dos jihadistas e de outros islâmicos, na ação foram mortos 44 policiais e diversos civis.
Devido a este fato, o ex-chefe das forças especiais precisou responder sua ação no Senado: falar que Marwan estava por trás de um plano de atentado ao Papa é também uma forma para justificar a própria ação: “Estes fatos e informações inegáveis mostram claramente o perigo que Marwan representava para o público, agora este perigo não existe mais”. Napenas não explicou porque não ocorreu nenhum atentado: “As informações não foram confirmadas nem desmentidas pela polícia nacional, ficando o fato de que estas informações existem”.
Em Manila, contudo, são lembrados dois precedentes. Em 27 de setembro de 1970, Paulo VI foi esfaqueado por um boliviano, Benjiamin Mendoza, logo que desceu do avião. Em 1995, poucos dias antes da chegada de João Paulo II, foi descoberto o plano de um comando ligado ao grupo islâmico Abu Sayyaf que planejava jogar uma bomba durante a passagem do carro de Wojtyla.