08 Fevereiro 2015
O anúncio do porta-voz da Câmara dos EUA, John A. Boehner, católico, marcará a história: Francisco, no dia 24 de setembro, irá a Washington para falar no Capitólio e "será o primeiro papa da história a dirigir um discurso a uma sessão conjunta do Congresso".
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 06-02-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A primeira etapa de uma viagem, confirma o padre Federico Lombardi, que levará Bergoglio, depois, para Nova York – do Palácio de Vidro da ONU ao Marco Zero – e, finalmente, para a Filadélfia, para o Congresso Mundial das Famílias.
A Santa Sé, explicava Boehner, aceitou o convite que havia sido dirigido ao papa em março passado, depois da visita no Vaticano de Obama a Francisco. "Estamos comovidos por ele ter aceitado", disse o porta-voz: "Em um momento de turbulência global, a mensagem de compaixão e da dignidade humana do Santo Padre comoveu pessoas de todas as fés e origens. Os seus ensinamentos, as orações e o grande exemplo nos levam de volta às bênçãos das coisas simples e das nossas obrigações recíprocas".
A visita do papa ocorre em um momento muito importante nas relações entre os EUA e a Santa Sé. Na noite do dia 20 de janeiro, no seu discurso sobre o estado da União, o presidente norte-americano tinha pedido para levantar o embargo sobre Cuba e citou Francisco, que desempenhou um papel fundamental no degelo entre Washington e Havana: "Como Sua Santidade disse, 'a diplomacia é um trabalho feito de pequenos passos'".
Francisco – que, no dia 6 de junho, irá a Sarajevo, em julho à América Latina (Bolívia, Equador e Paraguai) e, no fim do ano, à África (República Centro-Africana e Uganda) – é esperado como um líder global, além de religioso, em um país onde o a maioria dos católicos é latino-americana como o pontífice.
A sua voz se torna cada vez mais importante nas tentativas de resolução pacífica dos conflitos e de diálogo com o Islã moderado. Nos Estados Unidos, dentre outras coisas, há grande expectativa para a próxima encíclica sobre a proteção da criação, que Bergoglio pretende publicar em junho, antes da conferência de Paris sobre as mudanças climáticas.
A exortação Evangelii gaudium, com as suas páginas duríssimas contra a "economia que mata", havia criado polêmica nos setores mais conservadores da Igreja e da política norte-americanas. Mas a era da prevalência hierárquica dos "valores inegociáveis", com relativas "batalhas" concentradas apenas nas questões éticas, está no seu declínio.
Um sinal de mudança veio com a nomeação-surpresa, em setembro, do arcebispo Blase Joseph Cupich para Chicago, atento também às questões sociais, começando pela imigração. O encontro da Filadélfia, antes do Sínodo de outubro, será importante para entender a que ponto chegou uma transição nada fácil.
A credibilidade do papa nos EUA também é apoiada pela sua ação contra a pedofilia no clero. Nessa sexta-feira, novamente se reuniria no Vaticano a comissão para a proteção dos menores coordenada pelo cardeal de Boston, Sean O'Malley.
Francisco, na quinta-feira, enviara uma carta a todas as Conferências Episcopais e às ordens religiosas do mundo: "As famílias devem saber que a Igreja não poupa esforços para proteger os seus filhos e que têm o direito de se dirigir a ela com plena confiança, porque é uma casa segura. Não poderá, portanto, ser dada prioridade a outro tipo de considerações, de qualquer natureza que sejam, como, por exemplo, o desejo de evitar o escândalo, já que absolutamente não há lugar no ministério para aqueles que abusam de menores".
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Francisco será o primeiro pontífice a falar ao Congresso dos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU