07 Janeiro 2015
"Nomearei 15 novos cardeais, que, provenientes de 14 nações de todos os continentes, manifestam o laço inseparável entre a Igreja de Roma e as Igrejas particulares presentes no mundo", anuncia o papa no Ângelus.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no jornal La Stampa, 05-01-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
E, se aos 15 somarmos os cinco novos não eleitores, os países representados são 18. Um só curial, muita Ásia e pastoral de rua. Com os novos purpurados que receberão o barrete no consistório de 14 de fevereiro, Francisco marca o fim do "Manual Cencelli" eclesiástico, do centralismo e das corjas de poder.
E supera em cinco unidades o limite canônico dos 120 eleitores. A periferia, geográfica e existencial, torna-se o foco da "Igreja pobre para os pobres".
Ficam de fora os titulares de dioceses tradicionalmente cardinalícias, como Veneza e Turim; entram, surpreendentemente, os de Ancona e Agrigento.
O único prelado da Cúria é Dominique Mamberti, ex-ministro das Relações Exteriores e atual chefe da Suprema Corte; os outros são expressão de Igrejas locais, também muito periféricas: Myanmar, Tailândia, as Ilhas Tonga e Cabo Verde. Nomes que globalizam o Sagrado Colégio.
Os "com mais de 80"
Também cinco "over 80", que não entrarão em conclave, "se distinguiram pela sua caridade pastoral", explica Francisco. Nenhum púrpura para os presidentes dos Pontifícios Conselhos, os dicastérios destinados a ser incorporados na reforma da Cúria em andamento. O barrete vermelho também não foi para o bibliotecário Jean-Louis Brugues. Uma parada a todo automatismo nas dioceses que, por uma tradição não escrita, viam o seu arcebispo obter a púrpura no primeiro consistório útil: na Itália, permaneceram assim sem cardeal Turim (onde Cesare Nosiglia estava à espera) e Veneza (do patriarca Francesco Moraglia). E, na Bélgica, Bruxelas: André Leonard completou 75 e, talvez, vai se aposentar sem o barrete.
Francisco opta por agregar ao Colégio os líderes de dioceses menos prestigiadas, mas na vanguarda na pastoral social dos migrantes, dos desempregados e das famílias em dificuldade.
Os cardeais não servem apenas para eleger os papas: eles fazem a colegialidade da Igreja. Não devem exercer cargos na Cúria, considerando-os um poder. Um corte claro.
A pastoralidade
São chamados a ser pastores que ajudam o papa a governar a Igreja nos cinco continentes. Bergoglio reduz o peso das diversas "nacionalidades" ou lobbies, mais notadamente o dos "curiais". Permanecem onde estão aqueles que aguardavam a púrpura; são designados os prelados estranhos às carreiras.
A universalidade das proveniências geográficas e culturais desloca os hábitos: a América do Norte permanece nas mesmas posições do ano passado; sobem áreas esquecidas do mundo.
Nova regra não escrita: a pastoralidade. Eleitores e eméritos são pessoas apreciadas pelo papel de pastores que desempenharam ou desempenham, servindo a Igreja, destaca o papa, na diplomacia ou nas dioceses.
Os novos não eleitores provêm da América Latina, Itália, Alemanha, Argentina e Moçambique. Não haverá novas púrpuras para os EUA e Canadá. Los Angeles out, Tonga in.
"O critério seguido é a universalidade, não vinculado a sedes cardinalícias", observa o porta-voz, Federico Lombardi.
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A "globalização" de Francisco: 15 novos cardeais de 14 nações - Instituto Humanitas Unisinos - IHU