10 Novembro 2014
"Uma única frase em um documento papal emitido na última quarta-feira pode ser um sinal de que o Papa Francisco está disposto a ter um braço mais firme na remoção de alguns bispos do cargo".
A opinião é do vaticanista John Thavis, publicada no seu blog, 05-11-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O documento de uma página trata, principalmente, da idade de aposentadoria de um bispo. Mas ele também afirma: "Em algumas circunstâncias particulares, a autoridade competente (o papa) pode considerar necessário pedir a um bispo para apresentar a sua renúncia do cargo pastoral, depois de deixá-lo saber dos motivos de tal pedido e depois de ouvir atentamente as suas justificativas, em um diálogo fraterno".
O poder de um papa de demitir um bispo sempre foi presumido, mas aqui esse poder está soletrado com todas as letras. Ele vem depois que o Papa Francisco já ter removido um bispo paraguaio de seu ofício devido a controvérsias pastorais, e ter aceitado a renúncia de um bispo alemão em consequência de um escândalo de gastos. O Vaticano está investigando ativamente a liderança pastoral de pelo menos dois outros prelados, incluindo o bispo Robert W. Finn de Kansas City, Missouri, que foi condenado há dois anos por um tribunal civil por acusações de contravenção pela falha de não apresentar às autoridades civis as suspeitas de abuso de menores por um padre diocesano.
Um porta-voz do Vaticano rapidamente sublinhou que o documento de quarta-feira não contém "nada realmente novo", mas é uma reafirmação vigorosa das normas existentes. Entretanto, certamente, havia uma razão pela qual foi emitido.
Nos últimos meses, várias autoridades do Vaticano têm enfatizado que o direito canônico prevê a possibilidade de um bispo perder seu cargo por abuso ou negligência no ministério. Especificamente, algumas autoridades disseram que os bispos precisam ser responsabilizados por seus erros no tratamento dos casos de abuso sexual.
Uma nota: em seu blog pessoal, o canonista Dr. Edward Peters diz que "os pedidos (exigências?) de renúncias episcopais estão ocorrendo com muito mais frequência nos dias de hoje", apesar de eles não terem iniciado com o Papa Francisco. Peters disse que o fato de que isso está ocorrendo sem qualquer processo canônico reconhecível levanta questões sérias.