Por: Jonas | 28 Outubro 2014
Um congresso fundador da nova Organização Mundial de Associações Gay Católicas (WOHCA) enviou uma carta ao Sínodo dos Bispos, contestando algumas ideias da doutrina tradicional da Igreja sobre a questão homossexual e pedindo uma “acolhida autêntica” das comunidades cristãs aos gays.
Fonte: http://goo.gl/p27cYC |
A reportagem é de António Marujo, publicada por Religión Digital, 25-10-2014. A tradução é do Cepat.
O documento enviado a Roma – de fato, uma carta seguida de um documento doutrinário – pede que na Igreja não se faça “discriminação entre as pessoas, não marginalizando a ninguém, mas, sim, dando a cada um o que se pode dar, imitando a Deus Pai”.
O texto, que se preocupa em estender a mão à Igreja oficial e enfatizar os aspectos positivos da visão da doutrina católica sobre o fenômeno, começa dizendo que a homossexualidade “existe na história de todas as sociedades e culturas”. O documento não se limita a pedir acolhida, mas acrescenta: “Expressamos nosso desejo sincero, ardente e honesto, de amar e servir à Igreja de uma maneira mais concreta e ativa nos diversos ministérios leigos abertos a todos os membros do povo de Deus, de acordo com as nossas possibilidades”.
José Leote, do grupo português Rumos Novos, responsável pela organização do congresso, afirmou que é importante entender que os homossexuais “possuem experiências espirituais e religiosas tão dignas como as outras pessoas”.
No documento enviado a Roma, os participantes do congresso escrevem que o matrimônio é uma realidade em constante mudança e defendem que o Sínodo apoie e abençoe os esforços dos católicos homossexuais “no sentido de estabelecer relações autênticas”.
Fonte: http://goo.gl/p27cYC |
Pedindo uma atitude de respeito, compaixão e delicadeza, dizem que o Sínodo sobre a Família deveria incluir, em suas conclusões, “uma linguagem para a acolhida na misericórdia, como expressão de amor” e que haja “linhas pastorais” necessárias para a integração e acolhida dos homossexuais nas comunidades cristãs.
O documento ainda sugere que a Igreja deveria abençoar os “casais constituídos por pessoas do mesmo sexo casadas civilmente, seguindo o exemplo de Jesus que nunca rejeitou ninguém que se aproximasse dele com um coração sincero”. Para estes católicos homossexuais, o Evangelho se resume “em uma palavra: amor”. Apesar de muitas vezes sofrerem “a dor da discriminação, da intolerância e da separação” em muitas comunidades, seu maior desejo é “construir pontes” dentro da Igreja.
José Leote descreve os diferentes estados de ânimo das duas semanas do Sínodo: “O relatório provisional mostrou a abertura, no sentido que o Papa pediu, de uma Igreja mais próxima de todas as pessoas. Ao final, viu-se que uma parte da hierarquia quer continuar com uma Igreja alfandegária da fé e não um hospital de campanha, com uma insistência no direito canônico, esquecendo que ‘o sábado foi feito para o homem’ e não ao contrário”. Entretanto, confia que “a semente está lançada”, após escutar as palavras do Papa Francisco, domingo passado, durante a beatificação de Paulo VI.
O congresso fundador da nova WOHCA ocorreu em Portimão (Algarve, sul de Portugal), coincidindo com o início do Sínodo dos Bispos. Participaram quarenta representantes de associações de homossexuais católicos de oito países: Portugal, Espanha, Argentina, Brasil, Costa Rica, México, Peru e Estados Unidos.
Paralelamente ao Sínodo, um II Congresso acontecerá em Sevilha, em outubro de 2015, para debater e aprovar os estatutos da nova evangelização, após prepará-los durante os próximos meses.
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Nova organização mundial de católicos gays escreveu ao Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU