24 Outubro 2014
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22, 30-40 que corresponde ao 30º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
A religião cristã apresenta-se para muitos como um sistema religioso difícil de entender e, sobretudo, um enredado de leis demasiado complicadas para viver corretamente ante Deus. Não necessitaremos, nós cristãos, concentrar muito mais a nossa atenção em cuidar antes de mais nada do essencial da experiência cristã?
Os evangelhos recolheram a resposta de Jesus a um setor de fariseus que lhe perguntam qual é o mandamento principal da Lei. Assim resume Jesus o essencial: o primeiro é “amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu ser”; o segundo é “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
A afirmação de Jesus é clara. O amor é tudo. O decisivo na vida é amar. Ali está o fundamento de tudo. O primeiro é viver ante Deus e ante os demais numa atitude de amor. Não devemos perder-nos em coisas acidentais e secundárias, esquecendo o essencial. Do amor parte todo o resto. Sem amor tudo fica pervertido.
Ao falar do amor a Deus, Jesus não está a pensar nos sentimentos ou emoções que podem brotar do nosso coração; tampouco nos está a convidar para multiplicar as nossas rezas e orações. Amar o Senhor, nosso Deus, com todo o coração é reconhecer Deus como Fonte última da nossa existência, despertar em nós uma adesão total à Sua vontade e responder com fé incondicional ao Seu amor universal de Pai de todos.
Por isso junta Jesus um segundo mandamento. Não é possível amar Deus e viver de costas aos Seus filhos e filhas. Uma religião que predica o amor a Deus e se esquece dos que sofrem é uma grande mentira. A única postura realmente humana ante qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho é amá-la e procurar o seu bem como queremos para nós mesmos.
Toda esta linguagem pode parecer demasiado velha, demasiado gasta e pouco eficaz. No entanto, também hoje o principal problema no mundo é a falta de amor, que vai desumanizando, uns atrás dos outros, os esforços e as lutas para construir uma convivência mais humana.
Há uns anos, o pensador francês Jean Onimus escrevia assim: “O cristianismo está todavia nos seus começos; leva-nos trabalhando só há dois mil anos. A massa é pesada e são necessários séculos de amadurecimento antes que a caridade a faça fermentar”. Nós seguidores de Jesus não devemos nos esquecer da nossa responsabilidade. O mundo necessita de testemunhos vivos que ajudem as futuras gerações a acreditar no amor, pois não há um futuro de esperança para o ser humano se acaba por perder a fé no amor.
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Acreditar no amor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU