09 Outubro 2014
A chance de Aécio Neves (PSDB) vencer a eleição presidencial no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT) está em torno dos 28%. Pelo menos é o que dizem os números quando analisadas a vantagem do primeiro para o segundo colocado e a quantidade de viradas ocorridas em 264 eleições majoritárias para prefeito, governador e presidente, no Brasil, desde 1990.
A reportagem é de Cristian Klein, publicada pelo jornal Valor, 08-10-2014.
O levantamento, feito pelo Instituto Análise, dirigido pelo cientista político Alberto Almeida, mostra que candidatos que chegam ao segundo turno com uma votação de cinco a dez pontos percentuais menor que à do adversário conseguem virar em 28% das situações. É o caso de Aécio Neves, cujos 33,55% alcançados em primeiro turno, no domingo, o deixaram oito pontos percentuais atrás dos 41,59% de Dilma Rousseff.
Se a diferença entre a petista e o tucano tivesse sido inferior a cinco pontos percentuais, a chance de Aécio se eleger no segundo turno seria de 32%. Quanto maior a desvantagem na primeira etapa, menores são as probabilidades de virada.
Com uma vantagem de dez a 15 pontos percentuais - como os 14,3 que Dilma Rousseff abriu sobre o também tucano José Serra em 2010 (46,91% contra 32,61%) - a presidente teria apenas 19% de chance de perder para Aécio.
Com uma diferença superior a 15 pontos percentuais entre os dois primeiros colocados no primeiro turno, uma virada só ocorre em 10% das situações.
O resultado mostra que a eleição no segundo turno é uma continuação da disputa, e não uma nova eleição. Os percentuais da primeira etapa sinalizam uma correlação de força que os concorrentes carregam para o duelo decisivo.
Grandes desvios no segundo turno, porém, podem ocorrer caso algum finalista tenha alta taxa de rejeição - por exemplo por estar ideologicamente distante do eleitorado de um candidato derrotado. Foi o que aconteceu na disputa a governador de São Paulo, em 1998, quando Paulo Maluf, do PP (então PPB), obteve 32,2% contra 22,9% de Mário Covas (PSDB) e, no segundo turno, perdeu por 55,3% a 44,6% - num reflexo do rechaço dos 22,5% que haviam preferido Marta Suplicy (PT).
Para Alberto Almeida, embora a frieza dos números indique 28% de chances para Aécio Neves, a perspectiva para o tucano seria um pouco maior, pela dinâmica eleitoral com que chegou ao segundo turno, num crescimento que surpreendeu analistas e eleitores na reta final. "Pode ser até que ele venha na frente de Dilma na primeira pesquisa esta semana", diz.
Almeida ressalta que o desempenho de Aécio Neves recebeu uma cobertura "toda positiva" da imprensa, que destacou sua votação acima da esperado. Desde domingo, compara, é como se o tucano usufruísse de "um baita horário de propaganda eleitoral gratuito" que pode se refletir em suas intenções de voto.
Aécio está em seu 'momentum', como os americanos costumam definir a boa fase de um candidato à Presidência. Foi o que aconteceu em agosto com Marina Silva - derrotada no primeiro turno - depois da morte de Eduardo Campos e sua ascensão à cabeça de chapa do PSB.
Por outro lado, lembra o pesquisador, Aécio foi o menos atacado desde o início da corrida presidencial: "É como se o PT fosse marcar um jogador [Marina] que iria marcar o gol, e deixou o outro livre. Aécio se beneficiou disso. Precisa agradecer à Marina".
A situação do tucano, afirma Almeida, seria semelhante à da ex-senadora em 2010, que desmarcada - por não oferecer perigo - surpreendeu na reta final e alcançou quase 20% dos votos.
Entre os 14 candidatos a governador que venceram o primeiro turno, mas sem a maioria, cinco tiveram vantagem bem estreita, de até 1,4 ponto percentual, e têm mais chance de sofrerem viradas.
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Histórico de viradas dá 28% de chance para Aécio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU