07 Outubro 2014
Num discurso endereçado à Congregação para o Clero, o Papa Francisco advertiu os bispos contra aceitarem homens ao sacerdócio que não sejam saudáveis ou equilibrados.
A Congregação para o Clero lida com as vocações e formação sacerdotais bem como com vida dos padres. Na sexta-feira (3 de outubro), o papa falou durante uma assembleia plenária do organismo, que inclui cardeais e bispos de todo o mundo.
“Precisamos de sacerdotes; as vocações estão em falta”, disse ele improvisando a partir de seu discurso preparado. “O Senhor está chamando, mas não é o suficiente”. Alertou, porém, os bispos dizendo: “Nós temos a tentação de aceitar sem discernimento os jovens que se apresentam e isso é mau para a Igreja”.
A reportagem é de Thomas Reese, jornalista e jesuíta, publicada por National Catholic Reporter, 05-10-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
O papa pediu que os bispos estudem cuidadosamente as vocações dos candidatos. “Analisem bem se o [candidato] ao sacerdócio é do Senhor: se ele é saudável, se é equilibrado, se é capaz de dar a vida e de evangelizar”, disse o pontífice. “Se ele é capaz de formar uma família e renunciar a tudo para seguir a Jesus”.
O papa reconheceu que sérios problemas podem surgem caso bispos desesperados aceitem qualquer um.
“Em muitas dioceses temos problemas por causa deste engano cometido por alguns bispos em aceitar os que vem até ele – às vezes expulsos de seminários ou de casas formativas das ordens religiosas – por causa que precisam de padres’”, falou Francisco. “Por favor, pensem no bem do povo de Deus”.
Além de falar sobre as vocações, o papa enfatizou a importância da formação dos padres. Enquanto que as vocações estão sendo avaliadas, elas são como um “diamante bruto” a ser lidado com cuidado, com respeito à consciência das pessoas e com paciência, de forma que brilhem em meio ao povo de Deus”.
A formação sacerdotal não envolve apenas instrução. “Jesus não disse àqueles a quem chamou: ‘Venham, vou explicar a vocês’, ou ‘Sigam-me, irei instruí-los’”, disse Francisco. “Não! Pelo contrário, a formação que cristo ofereceu a seus discípulos veio através do ‘Venham, sigam-se’, ‘façam como eu faço’, e é este o método que, hoje, a Igreja também quer adotar para os seus ministros”.
A formação sacerdotal deve sempre ser para a evangelização, disse o papa. Os padres precisam de um impulso missionário “que liberte os ministros ordenados da tentação confortável de se preocupar mais com a aceitação perante os demais e com o próprio bem-estar do que com a caridade pastoral, com a proclamação do Evangelho nas periferias mais remotas”.
Como pastores, os padres são enviados “a estarem em meio de ao rebanho, para capitular a presença do Senhor através da Eucaristia e para dispensar a sua misericórdia”.