Rouhani visita a catedral de Manhattan

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: Caroline | 29 Setembro 2014

O presidente iraniano, Hassan Rouhani (foto), que se encontra em Nova Iorque nestes dias para participar da Assembleia Geral da ONU, visitará na sexta-feira pela manhã uma Catedral cristã dos Estados Unidos, onde se reunirá com os representantes das comunidades religiosas. O compromisso é um entre tantos na agenda de Rouhani em Nova Iorque; é a única ocasião na qual, justamente pela reunião nas Nações Unidas, o líder político do Teerã visita os Estados Unidos.

A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada por Vatican Insider, 25-09-2014. A tradução é do Cepat.

Fonte: http://goo.gl/BMNo2Z

Desde os tempos da presidência de Mahmoud Ahmadinejad, a visita do presidente iraniano a Nova Iorque é uma das ocasiões mais importantes para que o Irã se dirija ao mundo. Há um ano, Obama, com um gesto histórico, ligou para Rouhani, inaugurando o contato direto entre os presidentes do Irã e dos Estados Unidos desde a crise dos reféns na embaixada em Teerã, 1979.

Agora, além dos encontros políticos na ONU e da ofensiva midiática nas grandes cadeias televisivas, também haverá um encontro inter-religioso na agenda do presidente iraniano. Na sexta pela manhã, Rouhani visitará a catedral de St. John the Divine, a sede da diocese episcopal de Nova Iorque; também haverá representantes de outras comunidades religiosas. Será um encontro a portas fechadas, que nem sequer foi anunciado no sítio da internet da histórica Igreja de Manhattan (o único traço, por agora, do encontro é uma indicação de que a igreja vai abrir as suas portas ao público até depois do meio-dia).

No atual clima internacional, duramente marcado pelo sectarismo religioso no Oriente Médio e pelos desequilíbrios regionais em movimento ao redor da Síria, o fato de que o presidente da República xiita dos aiatolás visite uma catedral cristã é notável. E indica também a importância para um país que aspira voltar a participar no jogo das relações internacionais. Ademais, mesmo a Arábia Saudita, a grande contrapartida sunita, fundou uma instituição como o Centro para o Diálogo Inter-religioso, com sede em Viena. De sua parte, os aiatolás têm todos os contatos que a Universidade de Qom, ponto de referência doutrinal para os xiitas, tem há muito tempo com muitas outras realidades cristãs, como o Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso. Além do fato de que a mesma República Islâmica do Irã tem relações diplomáticas com a Santa Sé.

Contudo, exatamente como com Riyadh, permanece a pergunta sobre quais consequências poderia ter esta situação na liberdade religiosa dentro do próprio país. Uma frente na qual a chegada de Rouhani, pelo menos no momento, não parece ter trazido novidades. Na última edição do Relatório Internacional sobre liberdade religiosa no mundo, que é publicado a cada ano pelo Departamento de Estados dos Estados Unidos, o Irã aparece entre os países que impõem severas restrições aos grupos religiosos que não pertencem ao grupo xiita.

E a ONG “Open Doors”, que também realiza um importante relatório sobre as perseguições contra os cristãos no mundo, situa o Irã no nono lugar entre os países mais duros conta os cristãos. A acusação é que não se tolera a presença dos cristãos para além das históricas minorias armênia e síria. A lei iraniana, efetivamente, proíbe aos cristãos a oração e a pregação na língua farsi, e isto afeta particularmente a comunidade dos cristãos evangélicos.

O caso mais conhecido é do pastor Saeed Abedini, um iraniano com cidadania estadunidense que se converteu do islamismo ao cristianismo e foi preso durante uma viagem ao Irã em 2012; ele foi condenado a 8 anos de prisão por “atentar contra a segurança nacional” e ainda se encontra recluso.