24 Setembro 2014
A reunião do clima realizada ontem em Nova York foi marcada pela promessa do setor privado e de vários países de destinar recursos polpudos para o combate do aquecimento global. Mas não está claro se houve avanço na direção de um acordo climático em 2015.
Mas, convocados pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, bancos e seguradoras disseram que ajudarão a canalizar US$ 200 bilhões até o fim de 2015 para a luta de países pobres contra a mudança climática. A França prometeu doar US$ 1 bilhão. Ban celebrou a atitude do setor privado, como uma "abordagem cooperativa global inteiramente nova".
A reportagem é de Sergio Lamucci e Ana Luiza Farias, publicada pelo jornal Valor, 24-09-2014.
Durante todo o dia, líderes como o presidente dos EUA, Barack Obama, ressaltaram o compromisso e a necessidade de que o problema seja enfrentado, com a assinatura de um acordo global sobre o clima em Paris, no fim do ano que vem. A ausência dos líderes da China e da Índia, porém, levanta dúvidas sobre as perspectivas de sucesso de um acerto ambicioso, por serem países de destaque e com grande peso nas emissões globais.
Na reunião foi divulgada a Declaração de Nova York sobre Florestas, pela qual países da Europa prometem ajudar com mais de US$ 1 bilhão nações que reduzirem seu ritmo de desmatamento. A ideia é que seja reduzido pela metade até 2020 e se chegue a desmate zero em 2030. O Brasil, porém, não aderiu ao documento, assinado por 28 países, entre eles os EUA, Canada e vários países da União Europeia.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que o Brasil não foi consultado. Charles McNeill, especialista do Pnud, disse que "tentou-se entrar em contato com pessoas do governo brasileiro, mas não houve resposta". Nos bastidores da conferência, dizia-se que o país não assinou a declaração porque quer entender e analisar melhor a proposta, que não teria a linguagem típica de outros documentos sobre o tema. Outros países com florestas também não teriam sido ouvidos sobre o texto, que teria sido feito por um consultor. O Valor apurou que o governo brasileiro não fechou posição sobre o tema, e não era preciso fazê-lo até ontem - é possível aderir depois. A ideia de desmatamento zero até 2030 não agradaria ao Brasil, por não diferenciar entre desmate legal e ilegal.
Em seu discurso, a presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil tem conseguido diminuir a pobreza e a desigualdade social ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente. Ela reafirmou a posição do Brasil de que "o novo acordo climático precisa ser universal, ambicioso e legalmente vinculante", respeitando "os princípios de equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas".
Segundo Dilma, as reduções voluntárias de emissões de CO2 pelo Brasil contribuem muito para a diminuição das emissões globais no horizonte de 2020. Ela lembrou que o Brasil coopera com os países da Bacia Amazônica em ações de monitoramento e de combate ao desmatamento. "Devemos também contribuir para a redução do desmatamento com os países da Bacia do Congo."
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Reunião de clima tem promessas, mas avanço é incerto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU