29 Julho 2014
Quantos vezes você já não se sentiu culpado por jogar sobras de comida no lixo? Assim como você, o inglês Adam Smith e a brasileira Johanna Hewitt (ela nasceu no Brasil e fala português), fundadores do projeto The Real Junk Food, também estavam chocados com a gigantesca quantidade de alimentos – em excelente estado ainda para ser consumida, que é simplesmente descartada.
A reportagem foi publicada pelo portal Planeta Sustentável, 27-07-2014.
O casal se reuniu com um grupo de amigos, também incomodado com o imenso desperdício, e decidiu fazer algo para mudar esta realidade. E começou a fazer a diferença onde vivia, na cidade de Leeds, no norte da Inglaterra.
No Pay as You Feel Cafe (em tradução livre, “Café Pague se Você Quiser”), todos os pratos do cardápio são preparados com ingredientes que seriam jogados fora. Não significa que a equipe retira sobras da lixeira, mas na verdade, utiliza alimentos que já estão com o prazo de validade vencido – mas podem sim ainda ser consumidos, com rótulos incorretos ou simplesmente comida que seria descartada.
Cardápio variado e balanceado muda diariamente
“Os alimentos vêm de várias fontes, incluindo restaurantes, empresas, supermercados, feiras”, conta Adam. O cardápio muda diariamente. “Criamos pratos todos os dias com base no que temos no estoque”. Há sempre preocupação em preparar refeições bem variadas nutricionalmente.
A experiência inicial do projeto aconteceu em dezembro do ano passado. Adam, que é chef profissional, cozinhou um jantar de Natal para os moradores sem-teto de Leeds. A iniciativa foi um sucesso e desde então o Pay as You Feel Cafe abre todos os dias da semana, entre 9h e 16h. O lugar é pequeno e simples. O pessoal do The Real Junk Food Project não paga aluguel por ele. O restaurante acomoda até 30 pessoas.
Dia cheio no Pay as You Feel Cafe
Os cinco amigos, co-diretores do café e integrantes da iniciativa (um deles também é chef) são jovens ativistas, que desde cedo estavam engajados em movimentos de mudanças políticas, sociais e ambientais.
Para administrar o dia a dia do restaurante, contam com a ajuda de voluntários, que se revezam na cozinha, no atendimento aos clientes, na realização de eventos e num dos momentos mais importantes de todos: a captação de alimentos e recebimento de doações pela cidade. Eles gostam de se intitular interceptadores do desperdício.
Doações de frutas e verduras
Pelos cálculos de Adam, até agora o Pay as You Feel Cafe já evitou que mais de 10 mil quilos de comida fossem jogados em aterros. Até agora quase 3 mil pessoas foram atendidas e cerca de 4 mil refeições servidas. E quem são os clientes? Os mais diversos. De idosos a adolescentes, crianças a adultos. Até o tricampeão do Tour de France, Greg Lemond comeu no restaurante, quando esteve em Leeds para o Grand Départ da competição.
O pagamento pelo serviço é realmente opcional. Há quem pague, outros não. Alguns realmente nem têm dinheiro para tal. Mas isso não faz a mínima diferença para os jovens voluntários do projeto. “O que importa é que estamos tendo um impacto direto e positivo sobre a vida das pessoas”, diz Adam.
Assim como o trabalho realizado pelo Pay as You Feel Cafe, estão surgindo outras iniciativas similares no Reino Unido. Lugares com o intuito de alimentar o mundo e acabar com o desperdício.
É bom lembrar que estimativas apontam que 1,3 bilhão de toneladas de comida são perdidas anualmente no planeta, aproximadamente 40% da produção global. Estudos britânicos apontam que grande parte desde desperdício se deve à legislação de segurança alimentar por demais rigorosa e confusa.
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Fim ao desperdício de alimentos: conheça a história do Pay as You Feel Cafe - Instituto Humanitas Unisinos - IHU