11 Julho 2014
O arcebispo de Canterbury, Justin Welby, está se preparando para tentar passar uma legislação que permita bispas, mesmo que ela seja rejeitada pelo corpo administrativo da Igreja, no Sínodo Geral.
A reportagem foi publicada no jornal inglês The Guardian, 09-07-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O sínodo está prestes a votar novamente o plano polêmico na próxima semana, mas fontes internas disseram ao Guardian que, se esse passo for bloqueado de novo, agora existem opções que estão sendo consideradas para forçar a mudança na Igreja.
As opções em análise incluem uma dissolução imediata do sínodo para que novas eleições possam produzir uma maioria suficiente até novembro, ou até mesmo uma ação pelos bispos na Câmara dos Lordes para introduzir a legislação sem a aprovação sinodal.
A intervenção dramática se destina a antecipar quaisquer tentativas, que já estão sendo ameaçadas pelo parlamento, para remover a isenção da Igreja da legislação da igualdade.
"É bastante claro que existe absolutamente um plano C, que os arcebispos prepararam", disse uma fonte. Ela explicou que o plano está sendo chamado de plano C, porque a legislação atual é o próprio plano B, preparado após o fracasso dramático da legislação anterior, em 2012, que deixou a Igreja em estado de choque e gerou ameaças diretas de intervenção parlamentar.
Uma segunda fonte, que fez campanha em favor da ordenação de mulheres, disse: "Se o plano falhar desta vez, cabe aos bispos [na Câmara dos Lordes]. Eles podem se livrar do sínodo ou podem pedir ao parlamento para agir diretamente".
O arcebispo de Canterbury vai encabeçar o debate do Sínodo e é esperado que ele fale sobre os planos para avançar com a legislação assim que o resultado da votação for conhecido, no caso em que as bispas sejam negadas de novo.
O sínodo pode ser dissolvido, e um sínodo recém-eleito poderia ser convocado para novembro, a fim de aprovar a medida. A outra sugestão é a de que os bispos na Câmara dos Lordes possam fazer passar a legislação por conta própria, mas isso poderá levar a uma crise dentro do sínodo e poderia destruir ainda mais as relações com os evangélicos conservadores.
Os partidários das bispas, em grande parte, estão confiantes no sucesso da votação de segunda-feira. Eles precisam que apenas seis membros leigos do sínodo mudem de ideia desde a última votação em novembro de 2012 para alcançar a maioria de dois terços de que necessitam. Cinco dos que anteriormente votaram contra disseram ao Church Times que vão aprovar a nova legislação. Eles foram convencidos pelo aumento da clareza da medida agora revisada. Houve repulsa generalizada e incompreensão com relação à decisão do sínodo que votou contra as propostas da última vez.
As pesquisas de opinião e de voto nas dioceses mostram uma esmagadora maioria da Igreja da Inglaterra a favor das bispas. Mas os membros leigos do sínodo são eleitos através de um processo que favorece aquilo que é velho e os fanático, e têm dado uma força desproporcional para os evangélicos conservadores que acreditam que a Bíblia proíbe as mulheres de exercer autoridade sobre os homens.
Se a legislação passar no Sínodo Geral, o parlamento irá aprová-lo rapidamente e se tornará lei em novembro. As primeiras bispas poderão então ser nomeadas por volta do natal, encerrando 20 anos de disputa que se seguiram desde a ordenação de mulheres ao sacerdócio.
As apostas são altas. Mesmo Tony Baldry, que é membro do parlamento e oficial de ligação da Igreja com o parlamento, alertou que qualquer outra falha não seria tolerada e que o parlamento iria intervir para legislar pelas bispas caso o sínodo queira ou não.
Tal movimento poderia desestabilizar o equilíbrio frágil do sistema dominante: o sínodo geral foi inventado para permitir que a Igreja da Inglaterra tivesse uma forma de autogoverno, assegurando que o parlamento mantivesse o controle final da Igreja do Estado. A convenção é que o sínodo faz as leis, que o parlamento deve recusar ou aceitar, mas ele não pode alterá-las.
Uma votação não oficial de membros leigos do sínodo sugere que a medida vai ganhar a maioria de dois terços que precisa, por quatro votos contra seis.
Um porta-voz do arcebispo disse: "Estamos nos concentrando para obter os votos. Não seria útil especular ainda mais".
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Bispas na Igreja da Inglaterra: arcebispos irão anular sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU