02 Mai 2014
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas 24, 13-35 que corresponde ao Terceiro Domingo de Páscoa, Ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
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Dois discípulos de Jesus vão-se afastando de Jerusalém. Caminham tristes e desolados. Nos seus corações apagou-se a esperança que tinham colocado em Jesus, quando o viram morrer na cruz. No entanto, continuam a pensar Nele. Não o podem esquecer. Teria sido tudo uma ilusão?
Enquanto eles conversam e discutem tudo o que viveram, Jesus aproxima-se e caminha com eles. No entanto, os discípulos não O reconhecem. Aquele Jesus em quem tanto tinham confiado e que tinham amado talvez com paixão, parece-lhes agora um caminhante estranho.
Jesus junta-se à conversa. Os caminhantes escutam-no primeiro surpreendidos, mas pouco a pouco algo se vai despertando nos seus corações. Não sabem exatamente o quê. Mais tarde dirão: “Não estava ardendo o nosso coração enquanto nos falava pelo caminho?”.
Os caminhantes sentem-se atraídos pelas palavras de Jesus. Chega um momento em que necessitam da Sua companhia. Não querem deixá-Lo partir: “Fica conosco”. Durante o jantar, abrem-se os olhos e reconhecem-No. Esta é a primeira mensagem do relato: Quando acolhemos Jesus como companheiro de caminho, as Suas palavras podem despertar em nós a esperança perdida.
Durante estes anos, muitas pessoas perderam a confiança em Jesus. Pouco a pouco, foi-se convertendo num personagem estranho e irreconhecível. Tudo o que sabem Dele é o que podem reconstruir, de forma parcial e fragmentada, a partir do que escutaram a predicadores e catequistas.
Sem dúvida, a homilia dominical cumpre uma tarefa insubstituível, mas resulta claramente insuficiente para que as pessoas de hoje possam entrar em contato direto e vivo com o Evangelho. Tal como se leva a cabo, ante um povo que há de permanecer mudo, sem expor as suas inquietudes, interrogações e problemas, é difícil que consiga regenerar a fé vacilante de tantas pessoas que procuram, por vezes sem o saber, encontrar-se com Jesus.
Não terá chegado o momento de instaurar, fora do contexto da liturgia dominical, um espaço novo e diferente para escutarmos juntos o Evangelho de Jesus? Por que não reunir-nos, laicos e presbíteros, mulheres e homens, cristãos convencidos e pessoas que se interessam pela fé, a escutar, partilhar, dialogar e acolher o Evangelho de Jesus?
Temos de dar ao Evangelho a oportunidade de entrar com toda a sua força transformadora em contato direto e imediato com os problemas, crises, medos e esperanças das pessoas de hoje. Em breve será demasiado tarde para recuperar entre nós o frescor original do Evangelho.
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Acolher a força do evangelho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU