Por: André | 08 Abril 2014
“Vai fazer muito barulho”, garante Gustavo Vera, argentino cujo caminho cruzou com o de Bergoglio em junho de 2008 e não mais se separaram, nem sequer quando tomou o nome de Francisco. “Creio que veremos um documento ambientalista, ou mais de um nos próximos meses”, declara entre uma resposta e outra sobre o seu trabalho, que a partir daquele dia teve uma aceleração inesperada.
Fonte: http://bit.ly/1kkFDdN |
A reportagem é de Alver Metalli e publicada no blog Terre d’America, 07-04-2014. A tradução é de André Langer.
Depois das palavras de Erwin Kräutler, o bispo de origem austríaca e missionário no Brasil que o Papa convocou para trabalhar na redação da próxima encíclica sobre os pobres e a proteção da criação – como ele mesmo manifestou durante uma entrevista ao Ord Journal – as declarações de Gustavo Vera, fundador da associação La Alameda para a luta contra o tráfico de pessoas e o trabalho escravo, são uma confirmação ulterior. “Enviei-lhe material, reflexões, cartas de ambientalistas, alguns reconhecidos academicamente, mas outros não, que vivem uma preocupação concreta com a conservação do meio ambiente. Sei que o recebeu e o apreciou”, comenta enquanto planeja uma reunião com o pessoal da Villa 20 e combina por telefone onde alojar uma vítima de tráfico humano. “O tema da Terra como casa da humanidade, uma ecologia centrada no ser humano... Vai fazer muito barulho”, repete acostumado ao fragor dos anúncios explosivos que no passado recente lhe custaram ataques e ameaças. “Há empresas que estão preocupadas apenas em maximizar os lucros e não se importam com a destruição do planeta. Será um tema chave e sei que está trabalhando nisso”.
“Todos nós vemos que é necessário”, disse o cardeal brasileiro Claudio Hummes, franciscano, amigo e influente eleitor de Bergoglio, referindo-se a um documento sobre o meio ambiente. É uma problemática que o toca muito de perto, em sua função de presidente da Comissão para a Amazônia, criada pelos bispos brasileiros. “A Amazônia deve ser desenvolvida, sem dúvida, mas sem perder sua vocação de ser um grande presente da natureza para toda a humanidade. E também há a questão indígena. Os índios do Brasil já não são autores da sua própria história, nem política nem cultural nem religiosa. Nós, como Igreja, devemos encontrar o caminho para que voltem a ser sujeitos da sua história religiosa. Como fazê-lo? Como devolver-lhes o protagonismo de sujeitos? Coloca-se a questão de um clero autóctone. Deve haver sacerdotes indígenas, devem ter seus bispos indígenas, para poder dizer: ‘não somos a Igreja católica indígena’. Eles devem ser protagonistas da sua história religiosa. O Papa está muito preocupado com esta questão”.
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O Papa e o ambiente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU