31 Março 2014
“Não há tema mais atual do que a memória. Entender que o passado está morto é o caminho mais rápido para eliminarmos o nosso futuro”, afirma assertivamente José Carlos Moreira, professor e pesquisador da PUC-RS, em entrevista publicada nesta edição. Sim, aí está uma das principais razões da revista IHU On-Line dedicar mais uma edição ao golpe civil-militar de 1964.
As duas edições se inserem no contexto do Ciclo de Estudos “50 anos do Golpe de 64. Impactos, (des)caminhos, processos”, promovido pelo Instituo Humanitas Unisinos - IHU. Também neste contexto a edição da semana passada teve como título “Banalidade do mal” e os Cadernos IHU ideias publicaram o artigo “Compreensão histórica do regime empresarial-militar brasileiro” de Fábio Konder Comparato.
Ricardo Ismael de Carvalho, diretor do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, analisa o golpe de Estado brasileiro a partir da perspectiva da produção intelectual de Celso Furtado, talvez o maior economista brasileiro.
Jair Krischke, ativista dos direitos humanos, ressalta a trajetória de mentiras que marcaram todo o histórico do regime militar no Brasil e suas repercussões na América Latina incrementada pela Operação Condor.
José Carlos Moreira, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais e vice-presidente da Comissão de Anistia, analisa as relações entre empresários e militares e o favorecimento aos simpatizantes do regime com financiamentos e contratos públicos.
Marco Aurélio Santana, sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, retrata as dificuldades e conquistas dos movimentos sindicais antes e depois de 1964.
Fábio Pires Gavião, historiador e coordenador da licenciatura em História da Universidade Anhanguera de São Paulo, aborda a constituição dos movimentos sociais católicos de esquerda no contexto do golpe civil-militar de 1964.
Antônio Cechin, irmão marista, preso e torturado durante o regime, aponta que grande parte da Igreja Católica apoiou o golpe. No entanto, grupos minoritários alinhados ao Concílio Vaticano II tornaram-se importantes grupos de resistência.
Juremir Machado, jornalista, historiador e professor da Pontifícia Universidade Católica – PUC/RS, descreve a relevância do papel da mídia na legitimação do regime golpista.
Alexandre Rocha, jornalista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, resgata a força das manifestações culturais brasileiras antes e depois do Golpe — uma força ativa e criativa combatida pelos militares.
A historiadora Claudia Wasserman, também professora da UFRGS, analisa a Campanha da Legalidade e o seu legado para a sociedade brasileira.
O documentarista Paulo Fontenelle, diretor de Dossiê Jango (2012), defende que não investigar o falecimento do ex-presidente é fechar os olhos para nossa própria história.
Complementam esta edição entrevistas com o crítico de cinema Marcus Mello, sobre o filme Noite e Nevoeiro (1955) e a obra do cineasta francês Alain Resnais; com o jornalista e escritor Bernardo Kucinski sobre seu livro com inspiração autobiográfica K. Relato de uma busca (São Paulo: Cosac Naify, 2014) e, finalmente, com o teólogo Charles Camosy, professor da Universidade de Fordham (EUA), sobre a relaçao do ser humano com os animais na perspectiva da ética cristã.
A IHU On-Line estará disponível no sítio do Instituto Humanitas Unisinos – IHU nesta segunda-feira, a partir das 17h, nas extensões html, pdf e em ‘versão para folhear’.
A edição impressa circulará, no campus da Unisinos, amanhã, terça-feira, a partir das 8h.
A todas e a todos uma boa leitura e uma excelente semana!
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Brasil. A construção interrompida. Impactos e consequências do golpe civil-militar de 1964 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU