Por: André | 13 Fevereiro 2014
A poucos dias do Consistórioem que o Papa Francisco o criará cardeal e após meses de debates nas páginas dos jornais sobre algumas das suas posturas em relação à pastoral matrimonial que pareciam anular qualquer possível abertura durante o próximo Sínodo, o prefeito do ex-Santo Ofício, Gerhard Ludwig Müllerconsiderou oportuno precisar que sua relação com o Papa Francisco é boa: “Não sou seu antagonista conservador”, afirmou em entrevista publicada por Kathpress.
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Fonte: http://bit.ly/1dIogtM |
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 12-02-2014. A tradução é de André Langer.
O religioso alemão, chamado pelo Papa Ratzinger para dirigir o dicastério doutrinal, não admite ser apresentado como um adversário interno do Pontificado de Francisco. Müller (foto) reconhece as diferenças em relação à formação e aos diferentes enfoques, mas estes são “complementares e não contraditórios”. O novo cardeal afirmou que o magistério e os discursos de Francisco contêm e englobam “toda a fé católica”.
Os encontros entre o prefeito da Congregação para a Fé e o Papa acontecem duas a três vezes por mês, e conversam em italiano ou em espanhol (língua que o prelado alemão conhece bem, pois passou diferentes períodos na América Latina).
No que diz respeito à valorização das mulheres na Igreja, Müller afirmou que poderiam assumir algumas altas instâncias vaticanas: não Congregacionais, mas Pontifícios Conselhos, como o da Família (atualmente sob a responsabilidade do bispo Vincenzo Paglia) ou dos agentes de saúde. Mas o prefeito precisou que, posto que na Igreja o poder jurisdicional está nas mãos dos ministros ordenados, nem homens leigos nem mulheres podem dirigir as Congregações, ou seja, os dicastérios que agem em nome do Papa com poder jurisdicional. Outros campos em que as mulheres podem assumir um peso maior são a pesquisa teológica e a Cáritas, embora Müller se disse contrário à introdução de “cotas rosa”.
Também foram muito significativas as palavras do prefeito sobre a Fraternidade São Pio X, pois considera que ainda não está encerrada a possibilidade de uma reconciliação: “A porta está aberta”, declarou na entrevista, e recordou o famoso Preâmbulo Doutrinal entregue em 2012 aos lefebvrianos.
Para concluir, Müller quis explicar que seu dicastério trabalha de maneira colegiada e não de forma autoritária; embora seja o Papa que dá a aprovação para as decisões. O prefeito também recordou que Francisco em seu discurso aos participantes na plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, em 31 de janeiro passado, citou justamente como exemplo esta forma de proceder.