Por: Caroline | 08 Janeiro 2014
Os Reis Magos “ensinam a não nos contentarmos com uma vida medíocre, mas sim a querermos nos fascinar pelo que é bom, verdadeiro, bonito”. Foi o que disse o Papa Francisco (foto) na homilia da missa da Epifania. Tomando o exemplo dos Reis Magos, convidou “a não nos deixarmos enganar pelas aparências do que, para o mundo, é grande, sábio, potente”, mas a irmos além.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 06-01-2014. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/ElhQfd |
O Papa, que celebrou a missa com os cardeais e bispos da Cúria romana, explicou que o caminho dos Magos do Oriente, que seguiam “uma luz em busca da Luz”, “simboliza o destino de cada homem: nossa vida é um caminhar, iluminados pelas luzes que iluminam o caminho, para encontrar a plenitude da verdade e do amor, que nós, cristão, reconhecemos em Jesus, a Luz do mundo”. Cada homem, assim como os Reis Magos – acrescentou Bergoglio – tem a sua disposição dois grandes “livros” dos quais se pode extrair “os sinais para se orientar na peregrinação: o livro da criação e o livro das Sagradas Escrituras. O importante é estar atento, vigiar e escutar o Deus que nos fala”.
Francisco recordou que os Reis, quando chegaram a Jerusalém perderam de vista, por um momento, a estrela, cuja luz não era vista no palácio do Rei Herodes: “Aquela demora era tenebrosa, reinava a obscuridade, a desconfiança, o medo. Herodes, de fato, mostrou-se desconfiado e preocupado pelo nascimento do frágil Menino, sentido como um rival. Na realidade – explicou o Papa – Jesus não veio para derrubá-lo, fantoche miserável, mas para ser o príncipe deste mundo! No entanto, o rei e seus conselheiros ouviram o ranger dos andaimes de seu poder, temendo que, uma vez desmascaradas as aparências, as regras do jogo mudassem”.
Assim todo um mundo “construído sobre o domínio, o sucesso e o poder, entraria em crise por um Menino! E Herodes chegou, inclusive, a mandar matar os meninos. Um padre da Igreja dizia: ‘Matas aos meninos de carne, porque o medo o mata em seu coração’. E tinha medo”. Os Reis Magos souberam superar – acrescentou Francisco – “aquele perigoso momento de escuridão de Herodes, porque acreditaram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicavam Belém como o lugar do nascimento do Messias”.
O Papa também lembrou outro aspecto desta luz que guia o caminho da fé: a “santa astúcia, que também é uma virtude”. Trata-se, explicou, da “sutileza espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Reis Magos souberam utilizar esta luz da “astúcia” quando, no caminho de volta, decidiram não passar pelo tenebroso palácio de Herodes e percorrer outro caminho. Estes sábios vindos do Oriente nos ensinam a não cair nas armadilhas da escuridão e a nos defender da escuridão que tenta envolver nossas vidas. Com esta santa astúcia, mantiveram a fé. Assim como nós também devemos mantê-la. Às vezes o demônio, como disse São Paulo, se veste de luz, e nós, frente às sereias do mundo, devemos manter a fé. É necessário acolher a luz de Deus em nosso coração e, ao mesmo tempo, cultivar a astúcia espiritual que sabe conjugar simplicidade e astúcia”.
O exemplo dos Reis Magos “nos ajuda – concluiu Bergoglio – a olhar para a estrela e seguir os grandes desejos do nosso coração. Ensinam a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem “grandes voos”, mas deixar-nos atrair sempre pelo que é bom, verdadeiro e belo... por Deus, e para que tudo isso seja cada vez maior! E nos ensinam a não nos deixarmos enganar pelas aparências, por aquilo que, para o mundo, é grande, sapiente, poderoso. Não deve se deter aí. Não se deve se contentar com a aparência, a fachada. Em nosso tempo é necessário e muito importante que se mantenha a fé. É preciso ir além da escuridão, além do canto das sereias, da mundano, das tantas modernidades de hoje. É necessário ir até Belém onde, na simplicidade de uma casa de periferia, entre uma mãe e um pai repletos de amor e de fé, resplandece o Sol nascido do alto, o Rei do universo”.
A chegada dos Magos do Oriente a Belém, para homenagear o Rei dos judeus, é um tema que o Papa voltou a tratar durante a Angelus. “É um episódio que o papa Bento comentou magnificamente em seu livro sobre a infância de Jesus. Esta – disse o Papa Francisco durante o Angelus – foi a primeira ‘manifestação’ de Cristo às pessoas, por isto a Epifania evidencia a abertura universal trazida por Jesus”. “Jesus – destacou o Papa – veio para todos os povos, para todos nós”.
O Papa insistiu sobre o “duplo movimento” desta festa, de Deus até os homens e dos homens até Deus, junto às “religiões, na busca da verdade, do caminho dos povos até a paz, a justiça, a liberdade”. Neste movimento, o Pontífice sublinhou, “a iniciativa é de Deus. O amor de Deus vem antes do nosso”. “A Igreja – observou – está toda dentro deste movimento”. E concluiu rezando para que a Igreja tenha sempre “a alegria de se evangelizar”.
“O profeta Isaías – explicou o Papa – dizia que ‘Deus é como a flor da amêndoa, porque naquela terra a amêndoa é a primeira a florescer e Deus sempre precede, Ele dá o primeiro passo’”.
“Gostaria de dizer a todos aqueles que se sentem distantes da Igreja – disse o Papa – que ‘os respeito’ e, àqueles temerosos, indiferentes, que ‘o Senhor também chama a ti, e o faz com grande respeito, o Senhor te espera, te procura, o Senhor não faz proselitismo, te espera, te procura, inclusive se, neste momento, estás longe”.
Depois de Angelus, recitado da janela do estúdio papal na Praça de São Pedro, o Papa dirigiu uma “cordial felicitação aos irmãos e irmãs das Igrejas orientais que – como ele lembrou – amanhã celebram o Santo Natal. A paz de Deus – acrescentou – foi dada a humanidade com o nascimento de Jesus, Verbo encarnado, reforço a todos a fé, a esperança e a caridade, assim como o apoio as comunidades cristãs que estão sofrendo”.
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O mundo do domínio e da posse em crise por causa de um Menino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU