Por: André | 25 Outubro 2013
“Pensem que vocês foram escolhidos para servir, não para dominar... Nunca façam um presbítero esperar em audiências”. São as palavras que o Papa Francisco dirigiu, na tarde desta quinta-feira, na Praça São Pedro, aos primeiros dois bispos que ordenou pessoalmente: o novo presidente da Academia Eclesiástica (a Escola dos Núncios), Giampiero Gloder, e o francês Jean-Marie Speich, novo núncio apostólico de Gana. Gloder, até agora, ocupou-se da redação dos discursos papais: durante o rito, depois de ter colocado o anel episcopal, Francisco deixou de lado o microfone e dedicou-lhe algumas palavras, quase cochichando ao ouvido.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 24-10-2013. A tradução é de André Langer.
Antes do longo e sugestivo rito de ordenação, do qual participaram numerosos cardeais e bispos, entre os quais estavam dois secretários de Estado eméritos (Angelo Sodano e Tarcisio Bertone), o Papa fez uma breve homilia, na qual explicou que ser bispo não deve ser considerado uma honra, mas um serviço, e que o pastor deve ser homem de oração.
“O episcopado – destacou Francisco – é um dom de serviço, não é uma honra, e ao bispo compete mais o serviço do que o domínio, segundo o mandamento do Mestre, ‘quem quiser ser o maior entre vocês, que se torne o menor, como aquele que serve’”. “Sempre em serviço, sempre em serviço”, destacou.
“Lembrem-se daquele primeiro conflito na Igreja de Jerusalém – acrescentou o Papa – quando os bispos tinham muito trabalho e decidiram escolher diáconos para ter tempo para rezar e pregar a Palavra: um bispo que não reza – disse elevando a voz – é um bispo a meio caminho, e, se não reza ao Senhor, acaba na mundanidade”.
Outro aspecto sobre o qual Francisco insistiu foi “o amor do bispo”: “amem, amem com amor de pai e de irmãos – exortou Bergoglio – a todos os que Deus lhes confia, sobretudo, amem os presbíteros e os diáconos. Eles são seus colaboradores, são os mais próximos do próximo para vocês. Nunca façam um presbítero esperar em audiência – aconselhou –, respondam imediatamente, estejam próximos, próximos deles”. Como se sabe, Bergoglio, em Buenos Aires, criou uma linha de telefone direta para que seus sacerdotes pudessem falar com ele, em qualquer hora e agendar encontros.
Mas o Papa também pediu aos dois novos bispos que estejam próximos “dos pobres, dos indefesos e quantos necessitarem de acolhida e ajuda”. Além disso, invocou a atenção para os fiéis como colaboradores do compromisso apostólico e “atenção a todos os que não pertencem ao único rebanho de Cristo”.
Uma vez mais, assim como fez quando pronunciou o discurso aos bispos italianos e naquele que dedicou aos núncios apostólicos, em junho, Francisco traçou o perfil do bispo afastado absolutamente do perfil do “príncipe” que vive quase isolado e do “manager”.
Jean-Marie Speich, do clero da diocese de Estrasburgo (França) e de 1955, em serviço na Secretaria de Estado, foi escolhido arcebispo titular de Sulci e nomeado núncio apostólico de Gana, no dia 17 de agosto. Giampiero Gloder, por sua vez, do clero da diocese de Pádua (Itália) e de 1958, foi eleito arcebispo titular de Telde e nomeado núncio apostólico e presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica no dia 21 de setembro. Ocupa o posto deixado por mons. Beniamino Stella, que o Papa promoveu a Prefeito da Congregação para o Clero.
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“O bispo deve servir, não dominar” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU