18 Outubro 2013
À frente da mobilização que ontem provocou a interrupção da produção de 15 plataformas, bloqueou refinarias e terminais de distribuição e paralisou o trabalho de mais de 5 mil petroleiros na Bacia de Campos, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) questiona a posição do governo na realização do leilão de Libra. Na avaliação do diretor Francisco José de Oliveira, que liderou a manifestação ontem em frente ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília, os recursos prometidas pelo governo com o leilão "são uma gorjeta."
A entrevista é de Antonio Pitta e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 18-10-2013.
Eis a entrevista.
Por que a decisão de paralisar as plataformas no protesto contra o leilão de Libra?
Queremos trazer o Congresso, a sociedade civil, os movimentos sociais para fazer um debate sobre Libra. É uma área que possui uma reserva comprovada de 15 bilhões de barris, segundo estudos internos da ANP. É um absurdo vender isso. O governo afirma que vai investir em educação e saúde, e que vai arrecadar R$ 15 bilhões com o leilão. Mas isso é uma gorjeta perto da riqueza que existe no campo. A sociedade não participou do debate sobre o tema. Nossa tentativa é sensibilizar o governo para negociar e discutir.
Qual a estratégia da FUP para forçar esse diálogo?
Acreditamos que é preciso uma articulação política para reverter a questão. Encaminhamos documentos ao governo, que nem sequer respondeu. Buscamos uma agenda com o senador Roberto Requião (PMDB-PR), mas ele e o Henrique Alves (PMDB-RN) não nos receberam. Dizem ter uma pressão do partido, que ocupa o ministério. Temos uma lista com mais de 200 assinaturas de parlamentares, buscamos lideranças do PT, mas ninguém discute o tema.
O governo acionou a Força Nacional e o Exército para reforçar a segurança, temendo protestos radicais. Há exagero?
Não acredito que haverá enfrentamento. Nosso movimento é antes de tudo democrático e pacífico. Não trabalhamos com o método de radicalizar, como outros movimentos. Mas a ação de outros movimentos leva a uma preocupação do governo, até pelo que Libra representa. Nunca em um leilão houve uma preocupação dessa dimensão.
Além do leilão, quais outros pontos estão na pauta da greve dos petroleiros?
É uma questão secundária, mas lutamos pelo acordo coletivo. Queremos o reajuste de 12,5%, mas também buscamos melhores condições de trabalho. Neste ano, mais de 320 funcionários morreram em serviço. Entre eles, 80% eram terceirizados. Isso acontece em razão da precarização da condição de trabalho pelas empresas terceirizadas. Somos contra também o Projeto de Lei 4.330, que regulamenta a terceirização em vários setores.
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‘A arrecadação com o leilão do campo de Libra é uma gorjeta’, diz diretor da FUP - Instituto Humanitas Unisinos - IHU