Por: Cesar Sanson | 17 Outubro 2013
842 milhões de pessoas ainda passam fome ao passo que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas, indo direto para o lixo, por outro lado um terço do mundo é obeso e corre o risco de adquirir doença cardíaca, diabetes e outros problemas. A afirmação é de Leonardo Sakamoto, jornalista, em artigo publicado no seu blog, 16-10-2013.
Eis o artigo.
Nesta quarta (16), Dia Mundial da Alimentação, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lembra que 842 milhões de pessoas ainda passam fome ao passo que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas, indo direto para o lixo. E que somadas as áreas agrícolas usadas para produzir esses alimentos que não serão consumidos são do tamanho do Canadá e da Índia juntos. Por fim, um terço do mundo é obeso e corre o risco de adquirir doença cardíaca, diabetes e outros problemas.
Não estou defendendo que nos organizemos em comunidades isoladas, cultivemos juta para fiar nossas roupas, boldo e pariparoba para garantir uma reserva médica e restrinjamos nosso lazer a cânticos cumbaiá em torno de fogueiras. Avançamos tecnologicamente e nos beneficiamos disso – por mais que esse “processo” seja doloroso. E é exatamente por isso, pelo acúmulo de conhecimento sobre o meio em que vivemos, que é possível e lógico reformular nosso padrão de vida. Consumir o que é necessário, repensando o significado de “necessário” – o que inclui a necessidade de processamento do alimento, que gasta energia, produtos químicos, embalagens, enfim.
Afinal de contas, o debate sobre o meio ambiente emerge no século XXI como uma discussão sobre a qualidade de vida, não tratando apenas de rios poluídos e derramamento de petróleo, mas também da atual ideia de progresso (alta tecnologia aliada a uma postura consumista), que não está conseguindo dar respostas satisfatórias à sociedade.
Nossa qualidade de vida aumentou ao termos menos tempo para fazer nossas refeições e, consequentemente, optarmos pelo caminho fácil de nos entupir de produtos mais rápidos, mas menos saudáveis, ricos em açúcar e em gordura? Ou, por outro lado: a entrada de classes mais pobres no consumo através de uma avalanche de carboidratos industrializados vendidos como status social na TV deve ser comemorada?
Postei aqui tempos atrás um trabalho do fotógrafo Peter Menzel e do jornalista Faith D’Alusio sobre as diferenças de dietas em diferentes lugares do mundo. Em Hungry Planet: What the World Eats (Planeta Faminto: O que o Mundo Come, Editora Ten Speed Press) mostram como se alimentam 30 famílias em 24 diferentes países. Da fome à obesidade, as fotos são um bom ponto de partida para a discussão sobre desigualdade social. No que pese os enormes avanços no combate à fome que ocorreram nos últimos anos, se a comparação fosse feita dentro das fronteiras do Brasil, a disparidade ainda seria grande, pois teimamos em encontrar quem não come como deveria por aqui. É claro, o que significa um gosto amargo a mais por estamos na mesma sociedade.
As fotos não são novas. E os valores, desatualizados. Mas a comparação segue atualíssima.
Alemanha: Família Melander
Gasto semanal com alimentação: US$ 500,07
Estados Unidos: Família Revis
Gasto semanal com alimentação: US$ 341,98
Itália: Família Manzo
Gasto semanal com alimentação: US$ 260,11
México: Família Casales
Gasto semanal com alimentação: US$ 189,09
Polônia: Família Sobczynscy
Gasto semanal com alimentação: US$ 151,27
Egito: Família Ahmed
Gasto semanal com alimentação: US$ 68,53
Equador: Família Ayme
Gasto semanal com alimentação: US$ 31,55
Butão: Família Namgay
Gasto semanal com alimentação: US$ 5,03
Chade: Família Aboubakar
Gasto semanal com alimentação: US$ 1,23
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Dia da Alimentação: uns comem muito, outros passam fome - Instituto Humanitas Unisinos - IHU