Por: Cesar Sanson | 18 Setembro 2013
Prefeito de SP havia prometido apresentar uma proposta habitacional para evitar o despejo; prisões e arbitrariedades marcaram a ação da PM e da GCM.
A reportagem é do jornal Brasil de Fato, 17-09-2013, com informações da Rede Brasil Atual, Rede Extremo Sul e do Passa Palavra.
Cerca de 200 famílias que ocupavam um terreno no Grajaú, na zona sul de São Paulo, foram surpreendidas nessa segunda-feira (16) por um efetivo da Polícia Militar e agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) que as despejaram violentamente. As pessoas não tiveram nem tempo de retirar seus pertences do local. A ação da polícia, segundo os moradores, foi um desrespeito por parte do prefeito da capital Fernando Haddad (PT), que havia prometido apresentar uma proposta habitacional para evitar a reintegração.
O próprio secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), Marco Antônio Biasi, ligou para uma pessoa do movimento Rede Extremo Sul dizendo que nada poderia fazer, “já que a ação era uma ordem dada por Haddad”.
Conforme relataram os moradores, os policiais não fizeram qualquer cerimônia em usar expedientes ilegais de repressão. Dois militantes do movimento foram presos na ação, acusados de “resistência à prisão” e detidos para “averiguação”. Após atuação de um advogado, ambos foram liberados.
Em nota, a Sehab disse que as ocupações prejudicam a política habitacional em curso, “cuja meta é a entrega de 55 mil (moradias) nos próximos quatro anos para enfrentar um déficit de 230 mil domicílios”.
A secretaria confirmou que houve uma reunião no último dia 12 com as famílias e informou que elas seriam cadastradas nos programas habitacionais, mas que não teriam prioridade no atendimento. Esta foi a quinta vez, em menos de dois meses, que as famílias sofreram despejo da área.
O terreno é público e está destinado para a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, que prevê a instalação do Parque Ribeirão dos Cocaias no espaço. No entanto, de acordo com os moradores, não há qualquer iniciativa neste sentido por parte da prefeitura. Os moradores ainda afirmam que o local acumula entulho e acreditam que isso foi um dos fatores responsáveis por um surto de dengue na região.
Após o despejo
Assim que foi encerrada a ação da polícia, as cerca de 200 famílias ficaram sem ter para onde ir. Muitas tentavam ainda recuperar documentos e pertences, aproveitar pedaços de telha, de madeira e outros materiais de construção. Muitas pessoas ficaram feridas pelas cacetadas, bombas e balas de borracha lançadas pela PM. Crianças de colo foram levadas ao Pronto Socorro, devido a problemas respiratórios em decorrência da inalação de gases das bombas.
Ao final da tarde, porém, famílias da ocupação Jardim da Vitória, localizada num terreno próximo, também no Grajaú, organizaram uma forma de receber parte das pessoas despejadas que não conseguiriam se arranjar com parentes e amigos. Pedaços de lona, cobertores e alimentos foram rapidamente arrecadados e repartidos.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Haddad descumpre acordo com 200 famílias e determina reintegração de posse no Grajaú - Instituto Humanitas Unisinos - IHU