Por: André | 10 Setembro 2013
Francisco tratou o tema da desigualdade social e da pobreza, assim como a questão das relações Igreja-Estado, durante a audiência privada concedida ao presidente da Bolívia, Evo Morales Ayma, no Palácio Apostólico do Vaticano, e que aconteceu na sexta-feira, dia 06 de setembro.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 06-09-2013. A tradução é de André Langer.
Ao término do encontro, Morales reuniu-se também com o secretário de Estado vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, e com o secretário de Relações com os Estados, Dominique Mamberti.
Durante a reunião com o Papa, que começou às 11 horas, Morales abordou a situação socioeconômica e religiosa do país, assim como a luta contra as desigualdades sociais e a pobreza, segundo informa a Oficina de Imprensa da Santa Sé.
Além disso, no colóquio também se ressaltou a contribuição da Igreja Católica na Bolívia no campo da educação, saúde, apoio às famílias e à assistência às crianças e idosos.
Por outro lado, ambos os líderes falaram sobre a cultura do encontro e ressaltaram “a importância das boas relações entre as comunidades eclesiais e o Estado, sobretudo sobre temas de comum interesse de todo o país”, segundo aponta um comunicado vaticano.
Por último, durante a reunião abordou-se o tema da situação internacional e especialmente a promoção da paz na Síria e no Oriente Próximo. O Papa recebeu o presidente boliviano com um abraço e um aperto de mão e imediatamente se sentaram para conversar na sala da biblioteca do Palácio Apostólico.
“Para mim, você é o irmão Francisco”, disse Morales ao Papa, que assentiu dizendo: “Assim deve ser, assim deve ser”.
A reunião privada durou 30 minutos e depois se passou à tradicional saudação da delegação, na qual se encontrava presente a embaixadora da Bolívia na Espanha, Carmen Almendras, que acompanhou a viagem de Morales pela Europa.
Ao saudar a embaixadora, o Papa brincou ao ver que era a única mulher da delegação e destacou a importância da “cota feminina”.
Durante a entrega de presentes, Morales deu um volume com o título “Memória gráfica da reintegração marítima boliviana”, no qual se explica o desejo do Governo boliviano de ter uma saída para o oceano Pacífico.
Morales apresentou uma demanda contra o Chile no Tribunal de Haia para que lhe conceda uma saída ao Pacífico.
A Bolívia perdeu 400 quilômetros de costa e 120.000 quilômetros quadrados de território na guerra do Pacífico, disputada com o Chile no final do século XIX, e Morales sempre qualificou este fato de “invasão”.
O Papa Jorge Bergoglio, por sua vez, entregou-lhe a medalha comemorativa de seu pontificado e dois livros, um dos quais era o Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, que se realizou em Aparecida, São Paulo.
Assim como aos outros chefes de Estado latino-americanos que Francisco recebeu, indicou a Morales alguns dos capítulos que lhe poderiam interessar neste livro.
Ao se saudarem, Francisco e Morales se deram um forte e carinho abraço e o pontífice lhe pediu que “saudasse os amigos” e citou o nome de Dilma, em referência à presidente do Brasil.
Trata-se da segunda audiência papal de Evo Morales, depois daquela com Bento XVI, que aconteceu em maio de 2010, e a terceira vez que saúda Francisco. As duas primeiras vezes foram: no final da Missa de Início de Pontificado, em 19 de março passado, e durante a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, em julho passado.
Em agosto passado, o presidente boliviano anunciou que se reuniria com o Papa Francisco em Roma para, entre outras coisas, aprender sobre a Teologia da Libertação.
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Evo Morales ao Papa: “Para mim, você é o irmão Francisco” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU