03 Setembro 2013
A era Bertone se concluiu oficialmente nesse sábado com a nomeação pelo Papa Francisco do novo secretário de Estado. A passagem de bastão ao monsenhor Pietro Parolin ocorrerá no dia 15 de outubro, mas a partir de hoje pode-se dizer que o cardeal Tarcisio Bertone, 79 anos no próximo 2 de dezembro, saiu de cena.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere, 31-08-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O purpurado, que foi reitor da Universidade Salesiana e depois arcebispo de Vercelli e Gênova, deixa depois de sete anos o mais antigo e relevante cargo da Cúria Romana, que lhe foi confiado por Bento XVI no dia 15 de setembro de 2006, que primeiro o escolheu, mesmo que não viesse das fileiras da diplomacia, como era práxis para os seus antecessores, e depois, um ano depois, também o nomeou camerlengo, para que cuidasse da Sé Apostólica na ausência do pontífice e, eventualmente, certificasse a sua morte, cuidando das suas exéquias.
Com Jospeph Ratzinger, ele tinha trabalhado no ex-Santo Ofício, como número dois, e tinha conquistado a sua plena confiança ocupando-se dos dossiês mais prementes: a teologia da libertação, o cisma de Lefebvre, o terceiro segredo de Fátima, as aparições de Medjugorje, o caso Milingo.
Como secretário de Estado, no entanto, ele não trouxe coisas boas para o "seu" pontífice, porque jogou sobre ele diversas "pedras", em particular os processos judiciais que envolvem o IOR – instituição pela qual Bertone se interessou muito sendo presidente do Comitê de Vigilância, cargo do qual não parece disposto a renunciar – e caso Vatileaks, nascido justamente a partir da publicação de documentos confidenciais que lhe diziam respeito: em essência, cartas de protesto contra ele endereçadas ao pontífice alemão que, apesar de tudo, sempre o defendeu.
Paradoxalmente, sendo ele justamente o alvo dos venenos que afligiram o pontificado e esgotaram Bento XVI, Bertone desempenhou um dos papéis mais cruciais justamente depois do anúncio da renúncia do papa, quando assumiu a função de governo ordinário da Igreja até o dia 13 de março passado, dia da eleição de Bergoglio.
Mas, no decorrer das Congregações Gerais, não lhe foram poupadas críticas justamente por causa da desenvolta gestão do IOR, tanto que o cardeal Scherer, que se levantou para defendê-lo das flechas de outros purpurados (em particular do prefeito dos Religiosos, Braz de Aviz), viu desaparecer toda possibilidade de ser eleito e, no conclave, recebeu muito poucos votos.
E o presidente dos bispos norte-americanos, Dolan, há apenas algumas semanas, pediu publicamente que o Papa Francisco se apressasse para substituir o secretário de Estado.
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A saída de Bertone - Instituto Humanitas Unisinos - IHU