23 Agosto 2013
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas 13,22-30 que corresponde ao 21º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion |
A sociedade moderna impõe cada vez com mais força um estilo de vida marcado pelo pragmatismo do imediato. Só interessam as grandes perguntas da existência. Já não há mais certezas nem convicções profundas. Aos poucos convertemo-nos em seres triviais, carregados de tópicos que não têm consistências interiores nem ideais que alentem nosso quotidiano para lá do bem-estar e da seguridade do momento.
É muito significativo ver a atitude generalizada de vários cristãos diante da questão da “salvação eterna” que preocupava tanto há somente poucos anos: muitos deles apagaram de sua consciência. Não se conhece o motivo, mas alguns deles se acham com o direito a um final feliz; outros não desejam lembrar as experiências religiosas ruins que os machucaram muito.
Segundo o relato de Lucas, um desconhecido faz a Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: “Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?” Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Para ele não interessa especular sobre esse tipo de questões estéreis, tão desejadas por alguns mestres da época. Ele vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos atuar para não sermos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?
“Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita.” Estas são suas primeiras palavras. Deus abre para todos a porta da vida eterna, mas devemos nos esforçar e trabalhar para entrar por ela. Esta é a atitude sadia. Confiança em Deus: sim. Frivolidade, despreocupação e falsas seguranças: não.
Jesus insiste, sobretudo, para não cair no engano com falsas seguranças. Não basta pertencer ao povo de Israel; não é suficiente ter conhecido pessoalmente Jesus pelos caminhos da Galileia. O decisivo é entrar no presente no Reino de Deus e sua justiça. De fato, os que ficam fora do banquete final são, textualmente, “todos os que praticam injustiça”.
Jesus convida à confiança e à responsabilidade. No banquete final do Reino de Deus não se sentarão somente os patriarcas e os profetas de Israel. Estarão também os pagãos vindos de todos os cantos do mundo. Ficar dentro ou fora só depende da resposta de cada um e cada uma para a salvação que Deus oferece a todos.
Jesus termina com um provérbio que resume sua mensagem relacionada com o Reino de Deus “existem últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”. Sua advertência é clara. Os que estão certos de ser admitidos podem ficar fora. Outros que parecem excluídos de antemão podem ficar dentro.
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Confiança sim, frivolidade não - Instituto Humanitas Unisinos - IHU