08 Junho 2013
O Ministério da Justiça anunciou nesta sexta-feira a demissão da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marta Azevedo. A saída da presidente foi acertada há duas semanas. Ela deixou a presidência da instituição para se dedicar a um tratamento de saúde.
Marta Azevedo vinha, há seis meses, renovando pedido de licença médica e não participou das reuniões realizada pelo governo com os índios. Ela deverá atuar como colaboradora do Ministério da Justiça na questão indígena.
O cargo será ocupado interinamente pela diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Maria Augusta Assirati.
A reportagem é de Evandro Éboli e publicada pelo jornal O Globo, 08-06-2013.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, agradeceu Marta por seu trabalho à frente da Funai. Ele destacou, em nota divulgada na noite desta sexta-feira, que a “respeitabilidade acadêmica e indigenista” da antropóloga “engrandeceu a Funai”. Ele afirmou que ela continuará colaborando sobre o assunto para o ministério.
Na quinta-feira, depois de reunião com um grupo de índios terena, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou a criação de um fórum para discutir um desfecho para o impasse entre fazendeiros e índios. O fórum deverá ser criado em até 15 dias e terá a participação de representantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do governo do estado e dos índios. A solução do caso deverá ser usada como parâmetro para outros casos de terras que estão em litígio entre índios e fazendeiros.
Saída foi também reflexo do tensionamento
Ex-marido da demissionária presidente da Funai Marta Azevedo, secretário Nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, contou que ela, já enfrentando uma doença, deixou o cargo como "reflexo desse tensionamento". Ele se refere ao impasse criado nas últimas semanas e confronto entre índios, policiais e produtores rurais. A secretaria é ligada à Secretaria Geral da Presidência da República.
"Infelizmente ela teve que deixar a Funai. Trabalhamos junto na questão indígena há muito tempo. É uma antropóloga e das maiores especialistas em populações indígenas", disse Paulo Maldos, que falou do trabalho de Marta junto aos indígenas de Mato Grosso do Sul, indígenas que são razão hoje de todo esse enfrentamento.
"Ela morou em aldeia dos guarani-kaiowás e fala perfeitamente o guarani. E foi testemunha, nos anos 70, da expulsão dos índios do seu território. Era recém-formada (na USP) e testemunhou caminhões chegando e jogando os índios, levados para a periferia da cidade", disse Maldos.
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Em meio à crise, presidente da Funai deixa o cargo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU